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Publicado em 28 de jan de 2016. O novo boletim divulgado nesta quarta-feira (27) aponta também que 270 casos já tiveram confirmação de microcefalia, sendo que 6 com relação ao vírus Zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.

Possível contingenciamento em 2016 já preocupa atores ligados ao setor de CT&I

Foto: Pedro França/Agência Senado
Audiência pública na CCT do Senado debateu impactos conjunturais e estruturais dos cortes orçamentários de 2015 para a área de CT&I

A situação econômica é tema recorrente nos debates acerca do futuro do País. Neste ano, foram necessárias adequações orçamentárias para tentar sanar os problemas fiscais e ainda estão previstos prejuízos das contas públicas para os próximos três anos. Desta maneira, todas as áreas são afetadas pelos cortes, inclusive a de ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

Apenas em 2015, houve um corte de 30% no orçamento destinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o que corresponde a um valor superior a R$ 2 bilhões. Para o próximo ano, a preocupação é latente quanto à capacidade de fomento a CT&I, como foi evidenciado em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado Federal, nesta terça-feira (1°).

As estimativas apontam a necessidade de R$ 30 bilhões do orçamento governamental para o próximo ano. O temor é que a tesoura atinja programas de fomento e de financiamento de pesquisas e de bolsas de estudo, por exemplo. A súplica é para que as despesas com CT&I não entrem no “rateio” do contingenciamento, sob pena de comprometer o próprio futuro brasileiro.

“O Congresso Nacional tem que ter atenção especial com o orçamento para CT&I em 2016. Sem recursos, de forma continuada, não teremos condições de fazer o país que nós precisamos nas próximas décadas”, alertou o decano de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade de Brasília (UnB), Jaime Martins de Santana.

O ministério, por sua vez, vem fazendo o que pode para contornar a crise financeira. Segundo a secretária-executiva da pasta, Emília Maria Ribeiro, o MCTI contingenciou o que era possível e priorizou programas em andamento, em detrimento a novos projetos, como Plataformas do Conhecimento. Ainda assim, a dirigente reconhece que é preciso fazer mais para dar condições de desenvolver CT&I no Brasil.

“Tentamos impactar o mínimo possível os cortes nas áreas de pesquisa. Estamos cumprindo os programas que já estavam abertos. Mas os recursos nunca são suficientes, porque a carência nesse setor é enorme no País”, afirmou.

Uma das ideias sugeridas é que o dinheiro destinado a CT&I não pudesse ser contingenciado. Para tanto, seria colocada uma cláusula na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2016 que garantisse este dispositivo. A medida, porém, foi anteriormente rejeitada pelo relator da peça orçamentária na Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Ricardo Teobaldo (PTB-PE). Ainda assim, parlamentares e representantes do MCTI tentam negociar para que o item seja inserido no texto da LDO.

Sem previsão

Um dos principais instrumentos de fomento à pesquisa no Brasil é a Chamada Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Por meio dela, cientistas de todas as áreas do conhecimento obtém financiamento para seus estudos. O pagamento dos valores referentes ao edital de 2014, porém, ainda não foi completamente efetuado pela instituição. Assim, o MCTI optou por não abrir a chamada neste ano. Segundo Emília Maria Ribeiro, a medida foi tomada para garantir que os débitos em aberto sejam sanados e evitar novas dívidas com os pesquisadores. “Não dá para criar expectativas e, depois, não cumprir”, frisou a secretária-executiva da pasta.

Uma das medidas adotadas pelo ministro Aldo é obter um empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no valor de R$ 2,5 bilhões. O montante seria utilizado ao longo de seis anos para recompor as perdas do MCTI e garantir o fomento a atividades de CT&I e de P&D, além de garantir verbas para financiar o programa de institutos nacionais de ciência e tecnologia (INCTs).

Ao todo, são 125 institutos, que necessitam de R$ 641,7 milhões para serem devidamente instalados. As instalações serão bancadas por uma junção de investimentos de diferentes órgãos. Do total, R$ 300 milhões serão divididos igualmente entre o CNPq, a Capes e o MCTI, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Os R$ 341,7 milhões restantes serão investidos pelas fundações de amparo à pesquisa (FAPs) dos estados.

Dificuldades

Os cortes afetam também as universidades, especialmente os programas de pós-graduação. Um dos exemplos é a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que teve um corte de 75% da verba destinada pela Coordenação de Apoio ao Pessoal de Nível Superior (Capes) a este tipo de atividade. Segundo o pró-reitor substituto da instituição, Henrique Luiz Cuikerman, o cenário é complicado e pode impactar negativamente na formação de recursos humanos.

“Não há inventividade que possa contornar esses cortes. Como fazer para atingir o padrão de excelência acadêmica da Capes? A situação é muito difícil. Peço aqui que se reforce o repasse de recursos para as universidades e a pesquisa no orçamento de 2016”, reforçou Cuikerman.

Código

Tratado como fundamental para dar novo estímulo às atividades de CT&I, o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 77/2015 tramita em três comissões da Casa e há o temor da classe científica de que o processo legislativo não acompanhe a celeridade pedida pelos profissionais da área. Entre os senadores há a mesma preocupação. Porém, há movimentos para garantir uma rápida tramitação da matéria.
O presidente da CCT, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), está articulando um movimento para fazer a tramitação conjunta da matéria na CCT, na CMA, na CAE, além da CCJ. O passo seguinte, de acordo com o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), será a entrada com um requerimento de urgência para votar o PLC 77 no Plenário.

“O senador Cristovam está trabalhando nisso. Há muita burocracia e isso atrapalha o processo legislativo. É importante darmos celeridade a esse tema”, destacou o parlamentar.

Não deve parar por aí

Além do PLS 77, novas alterações legislativas devem ser encaminhadas ao Congresso Nacional nos próximos meses. Emília Maria Ribeiro divulgou durante a audiência pública que a equipe do MCTI vem trabalhando para apresentar propostas que otimizem os processos e regulamentos para CT&I. A compilação será entregue à presidente Dilma Rousseff pelo ministro Aldo Rebelo.

(Vicente Melo, da Agência Gestão CT&I)

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