Videos

Publicado em 28 de jan de 2016. O novo boletim divulgado nesta quarta-feira (27) aponta também que 270 casos já tiveram confirmação de microcefalia, sendo que 6 com relação ao vírus Zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.

MPF investiga estagnação de gasto da União no SUS

O MPF (Ministério Público Federal) e Ministério Público de Contas, vinculado ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) em São Paulo, abriram inquérito para apurar a queda proporcional de custeio do governo federal no SUS (Sistema Único de Saúde) nos municípios. Segundo as instituições, o Ministério da Saúde deixou estagnado na última década o repasse de verbas para as cidades, sobrecarregando os orçamentos das prefeituras, que ano a ano têm de despender mais valores para compensar repasses menores da gestão federal.
A investigação tem como um dos pilares pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que indica que caiu de 59,8% para 44,7% a relação da participação da União na montagem orçamentária do SUS entre 2000 e 2011 no País. Nesse período, são oito anos de governo do PT, sendo três anos com Alexandre Padilha como ministro da Saúde. Hoje ele é o candidato petista ao governo do Estado.
O SUS é mantido pelos três níveis de poder: União, Estado e município. O recurso é utilizado para pagamentos de procedimentos médicos, profissionais da área e compra de equipamentos e materiais.
MPF e Ministério Público de Contas consideram equivocada a correção anual dos valores investidos pelo governo federal. Em vez de vincular o reajuste à arrecadação do ano anterior e ao desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), promotores defendem que seja fixado percentual de transferência a exemplo dos Estados e municípios, que têm de separar, pelo menos, 12% e 15%, respectivamente.
“Parte expressiva das despesas federais (…) têm sido canceladas ou prescritas, o que coloca em situação de risco o cumprimento do gasto mínimo da União no setor”, afirmaram Pedro Antonio de Oliveira Machado, procurador regional dos direitos do cidadão do MPF, e Élida Graziane Pinto, procuradora do Ministério Público de Contas.
Por nota, o Ministério da Saúde, hoje chefiado pelo ex-secretário em São Bernardo Arthur Chioro (PT), informou cumprir “rigorosamente o que determina a Constituição”. “Na última década, o orçamento federal executado mais que dobrou, passando de R$ 32,7 bilhões (2004) para R$ 83,1 bilhões (2013), exclusivamente, em ações e serviços públicos de saúde em todo o País. Neste mesmo período, o Ministério da Saúde executou R$ 5 bilhões a mais do que o exigido pela Constituição.”
De acordo com a professora de saúde coletiva da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Vânia Barbosa do Nascimento, desde a regulamentação do SUS, pela Lei 8.080/1990, é sabido que os recursos são insuficientes para manter equidade nos atendimentos. “Existe discussão, que eu defendo, para que o governo federal gaste com o SUS 10% de seu Orçamento.”
A sobrecarga das prefeituras no custeio se dá pela pressão por melhora no atendimento, conforme a especialista. “Os prefeitos acabam assumindo a responsabilidade. No Grande ABC, o investimento já supera 20%.”
Números do Grande ABC comprovam dependência
Dados fornecidos por quatro das sete prefeituras do Grande ABC ao Diário corroboram com a investigação do MPF (Ministério Público Federal) e Ministério Público de Contas. Em uma década, cresceu a fatia de custeio de três delas no SUS (Sistema Único de Saúde).
Entre as administrações de Diadema, Mauá, Santo André e São Caetano, somente a última registrou aumento significativo da participação do governo federal no orçamento do SUS nos últimos anos. O montante da União passou de 15,6%, em 2011, para 26,5%, em 2013, no custeio total da Saúde da cidade.
No caso de Diadema, a União registrou queda no custeio, passando de 25,5% em 2011 para 22,8% em 2013. Nesse período o município ampliou participação de 74% para 76%, enquanto o Estado passou de 0,44% para 0,58%.
O Ministério da Saúde manteve, praticamente, o mesmo percentual de custeio em Mauá. Em 2011 transferiu 44,4% e, em 2013, 44,6%. A cidade conseguiu reduzir a participação de 55,5% para 51,9%, no mesmo período, por conta da entrada do Estado no rateio, que investiu 3,3% no montante do ano passado. “Como militante do SUS, defendo que 10% dos recursos federais sejam destinados para a Saúde. Seria o ideal. Mas a contribuição da União em marcas de credibilidade, como o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), são custeadas pelo governo federal”, comentou a secretária de Saúde de Mauá, Célia Bortoletto.
A baixa de investimento federal na rede de Santo André variou de 25,2% em 2011 para 25,1% em 2013. Já a participação da cidade no orçamento do SUS foi de 73,5% para 73,7%, no mesmo período. O Palácio dos Bandeirantes representou 0,6% em 2011 e 0,9% no ano passado.
Na região, sistema de Saúde apresenta série de falhas
Diversos equipamentos que compõem o SUS (Sistema Único de Saúde) no Grande ABC apresentam falhas crônicas. Superlotação, estruturas precárias e falta de materiais adequadas são alguns dos problemas presentes. A situação tem motivado os municípios a pleitear maior participação da União e Estado no rateio.
Diadema tenta convencer o governo do Estado a contribuir com o custeio do Quarteirão da Saúde que, segundo o Executivo, consome R$ 80 milhões por ano, e com a reforma estrutural do Hospital Municipal. A cidade também assistiu à demissão de 87 médicos por conta da falta de condições de trabalho.
O Hospital Municipal Doutor Radamés Nardini de Mauá passa por processo de recuperação desde 2010, quando a FUABC (Fundação do ABC) assumiu a gestão. Em outubro do ano passado, o Estado passou a destinar R$ 1 milhão por mês para auxiliar no custeio. A unidade também passa por reforma geral para afastar a imagem negativa. Em 2009, por exemplo, o então prefeito Oswaldo Dias (PT) afirmou que o local tinha baratas para reforçar o pedido de ajuda estadual.
Em São Bernardo, o Pronto-Socorro Central funciona em situação precária, com pacientes em macas espalhadas pelos corredores e falta de manutenção predial. O Ministério Público, inclusive, chegou a determinar que a unidade fosse reformada.
A terceirização de serviços de Saúde tem ocorrido com frequência em Santo André. Sem equipamentos próprios, a cidade recorre a contratos com organizações sociais para suprir a demanda. Os acordos, no entanto, acabam sendo firmados de forma unilateral e apresentam pouca transparência na prestação de contas.

0 comentários:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.