Criado em 2007, o European Research Council (ERC) é a primeira organização pan-europeia voltada para o financiamento à pesquisa no continente. O conselho complementa outras atividades de fomento científico e tecnológico na Europa, feitas por agências nacionais ou com menor abrangência, e é um dos principais componentes do Horizon 2020, o Programa-Quadro de Pesquisa da União Europeia para 2014 a 2020.
Núria Sebastian, professora de Psicologia na Universitat Pompeu Fabra, em Barcelona, falou sobre o ERC, do qual é vice-presidente desde janeiro de 2014, na FAPESP Week Barcelona, realizada pela FAPESP e pelos Centres de Recerca de Catalunya (Cerca) na capital da Catalunha nos dias 28 e 29 de maio de 2015.
“O ERC apoia pesquisas na fronteira do conhecimento em todas as áreas, com elevado grau de flexibilidade e sem temas predefinidos. E apoiamos os cientistas individualmente, não redes de pesquisa”, disse.
Segundo Sebastian, os auxílios são concedidos por meio de um processo competitivo – que emprega um sistema de análise por pares – a pesquisadores que trabalhem na Europa ou queiram fazer carreira no continente.
As principais formas de apoio do ERC são os “Starting Grants” (voltados a pesquisadores em início de carreira, com financiamento de até € 2 milhões para projetos de até cinco anos), os “Consolidator Grants” (para quem tem doutorado concluído há mais de sete anos e menos de 12 e queira pleitear até € 2,75 milhões por cinco anos) e os “Advanced Grants” (para pesquisadores com significativa produção nos últimos dez anos e auxílios de até € 3,5 milhões por cinco anos).
Segundo Sebastian, a taxa de sucesso dos projetos submetidos ao ERC é de 10%. A taxa de sucesso dos espanhóis no programa é de 7%.
“Oferecemos aos pesquisadores condições para que tenham autonomia financeira por cinco anos e para que possam negociar com a instituição na qual se encontrem as melhores condições para seus trabalhos. O ERC oferece independência, reconhecimento e visibilidade para trabalharem em tema de pesquisa e com o grupo que quiserem”, disse.
“Os pesquisadores apoiados podem se deslocar para qualquer país da Europa com portabilidade de fundos e podem atrair colaboradores europeus ou de outras regiões para o seu grupo”, disse.
O orçamento do ERC é de € 13 bilhões no período de 2014 a 2020, o que representa um grande aumento em relação ao período anterior (2007-2013), que foi de € 7,5 bilhões.
“Financiamos os trabalhos de mais de 4,3 mil pesquisadores em nosso primeiro período de atuação, 65% dos quais se encontravam em fase inicial de suas carreiras. Na primeira chamada de 2014, temos 375 selecionados para receberem ‘Starting Grants’ e 372 para ‘Consolidator Grants’, de 66 países”, disse Sebastian.
Sebastian mostrou um quadro com a distribuição de 995 auxílios por nacionalidade do pesquisador apoiado e destacou que 18% foram para cientistas não europeus – dos quais 1% foi para brasileiros.
“Além de apoiar as melhores mentes e as mais inovadoras ideias europeias, queremos também atrair pesquisadores talentosos de outras regiões do mundo”, disse.
Sebastian destacou que os resultados do trabalho do ERC têm sido excelentes, como podem ser constatados pela quantidade de citações à organização na literatura científica, lembrando que foi fundada há apenas oito anos.
“Até setembro de 2014, contabilizamos mais de 30 mil artigos publicados que indicavam o apoio recebido do ERC. Desses, 7% estavam no 1% mais citado em sua área de conhecimento e ano de publicação no mundo”, disse.
De acordo com Sebastian, a longo prazo o ERC não visa somente o apoio à pesquisa, mas “remodelar o sistema de pesquisa europeu, formando a base para novas indústrias, novos mercados e amplas inovações sociais”, disse.
Agência FAPESP | Heitor Shimizu, de Barcelona
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