Os impactos do adoecimento por
câncer no público masculino é o tema do livro Câncer e Masculinidades - o
sujeito e a atenção à saúde, que será lançado nesta sexta-feira (8/4), Dia
Mundial de Combate ao Câncer, no auditório da Fiocruz Minas. A publicação,
organizada pelos pesquisadores Alberto Mesaque Martins e Celina Maria Modena,
ambos integrantes de grupos de estudo da unidade, traz dez artigos produzidos
sob uma perspectiva psicossocial, destacando as experiências de homens que se
deparam com a enfermidade e como eles lidam com o processo de adoecimento e com
o tratamento oncológico.
“A maneira como os familiares,
cuidadores e outros profissionais da área de saúde se posicionam diante das
necessidades desse público específico também está sendo abordada. A ideia é,
para além da publicação, apontar perspectivas para o atendimento, sugerindo
novas estratégias que possam aprimorar os serviços prestados”, explica a
pesquisadora Celina Modena.
Para produzir os artigos, os
autores se basearam em relatos de pacientes, obtidos por meio de pesquisas e
intervenções, realizados em casas de apoio e hospitais mantidos pelo SUS.
Segundo os pesquisadores, uma doença como o câncer, que tem no imaginário
coletivo um significado extremamente negativo, traz diversas implicações para a
vida do paciente e da família dele.
“Nesta obra, lançamos um olhar
para todas essas questões, como, por exemplo, o fato de o homem, em algumas
situações, ter de parar de trabalhar, de passar a sofrer de disfunção sexual,
entre outros efeitos”, afirma o pesquisador Alberto Mesaque. Segundo ele, são
temas pouco presentes na produção científica atual e que carecem de debates,
fazendo da publicação um ponto de partida para novas pesquisas e reflexões
Fio-Câncer - O livro Câncer e
Masculinidades - o sujeito e a atenção à saúde vem ao encontro das diretrizes
traçadas pela Fiocruz em relação às pesquisas voltadas para as doenças crônicas
e degenerativas. De acordo com o coordenador do Núcleo de Estudos do Câncer da
Fiocruz Minas, Marcelo Pascoal, por meio do Programa de Pesquisa Translacional
– Fio-Câncer, a Instituição vem buscando integrar as diversas áreas de
pesquisa, tendo por objetivo oferecer respostas mais rápidas e abrangentes em
relação à doença.
“Nesta obra, ao levantar
questões tão importantes para o paciente, os pesquisadores estão produzindo um
conhecimento aplicável à vida desses sujeitos e de seus cuidadores em um espaço
de tempo relativamente mais curto”, ressalta Pascoal.
Segundo o coordenador, na
Fiocruz Minas, há estímulo continuado para a integração transversal das
iniciativas dos grupos de pesquisa, reunindo pesquisadores, laboratórios e
áreas de atuação diversificadas. Com isso, a unidade vem obtendo avanços e
firmando parcerias importantes.
No que se refere à produção de
conhecimento e intervenção psicossocial em câncer, outras iniciativas estão
produzindo resultados interessantes. Nos últimos dez anos, por meio do Programa
de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Fiocruz Minas, estudantes de mestrado,
doutorado e da iniciação científica desenvolveram cartilhas e materiais
educativos, que estão auxiliando profissionais, familiares e cuidadores de
crianças e adolescentes que sofrem com o câncer. Com esses públicos, o trabalho
dos pesquisadores tem por objetivo permitir uma ressignificação da doença.
“Observamos que o medo é um
sentimento constante, acompanhado de uma negação do problema. A maioria dos
pacientes, quando iniciamos a escuta, nem mesmo pronuncia o nome da doença”,
conta Celina. Segundo ela, à medida que o processo de diálogo vai acontecendo,
os pacientes conseguem expressar suas angústias, facilitando, assim, a adesão
aos tratamentos.
“Também fazemos trabalhos
semelhantes com os responsáveis por esses pacientes, uma vez que o câncer muda
a vida de toda a família”, comenta. Como resultado dessas ações, foram lançadas
outras publicações, entre elas Cartas de quem passou por aqui, escritas por
crianças que tiveram a doença, e Adolescendo com o câncer, com base nos relatos
de pacientes adolescentes.
Fonte: Fiocruz Minas
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