Segundo
a Organização Mundial da Saúde, 70% das doenças que infectam os humanos são
transmitidas por animais, as chamadas zoonoses. A gripe provocada pelo vírus
influenza A, que atualmente tem feito milhares de vítimas no Brasil – inclusive
algumas fatais – é uma delas. Só este ano já foram registrados 1.012 casos no
país, dos quais 153 foram a óbito. São Paulo lidera as mortes por influenza com
91 mortes.
Diante
desse quadro, a Fiocruz Pernambuco deu início, em fevereiro de 2016, a um
estudo denominado Vigilância molecular do vírus da influenza suína e
desenvolvimento de vacinas recombinantes. Liderada pelo pesquisador do
departamento de Virologia e Terapia Experimental, Lindomar Pena – especialista
no estudo do vírus influenza, tendo inclusive o investigado, nos Estados
Unidos, durante a pandemia ocorrida em 2009/2010 – a pesquisa terá duração de
36 meses e recolherá material em porcos encontrados em abatedouros e criadouros
em todo o estado de Pernambuco.
Diversas
espécies de animais incluindo aves, mamíferos aquáticos, terrestres e voadores
são capazes de se infectar pelo vírus influenza. No entanto, os porcos ocupam
um lugar de destaque nesse processo de transmissão uma vez que eles constituem
um importante reservatório animal de novos vírus dessa doença, com uma grande
capacidade de provocar adoecimento e transmissão entre humanos. A já citada
pandemia ocorrida em 2009/2010 foi causada pelo vírus influenza de origem suína
(pH1N1). “Desde então, cientistas e autoridades de saúde pública de todo mundo
vêm alertando sobre a possibilidade da geração, em suínos, de novos vírus com
maior agressividade e/ou com maior capacidade de transmissão entre humanos”,
explicou Pena.
“Em
relação ao Brasil, pouco se sabe sobre os vírus da influenza circulantes em
porcos no país, sobretudo na região nordestina, onde a criação de porcos é
realizada de maneira precária, a suinocultura é de baixa tecnologia e apresenta
falhas severas de biossegurança”, alerta o pesquisador. Daí a necessidade de um
estudo como esse dedicado ao diagnóstico das características moleculares e
antigênicas (capazes de produzir anticorpos) de várias cepas do vírus da
influenza suína circulante em Pernambuco. “Com esse diagnóstico poderemos dizer
o potencial dessas cepas causarem doenças e o nível de ameaça que elas
representam à saúde pública”, disse Pena.
Outro
objetivo da pesquisa da Fiocruz Pernambuco é desenvolver uma plataforma vacinal
inovadora para prevenção e controle da doença em todo território nacional.
Hoje, no Brasil, não existe nenhuma vacina eficaz contra as diversas cepas
circulantes da influenza suína - nem mesmo as vacinas norte-americanas têm se
mostrado eficazes, tendo muitas delas inclusive, em alguns casos, agravado a
doença invés de preveni-la - o que torna o rebanho nacional susceptível à
gênese e disseminação de novos vírus capazes de infectar humanos. “Alcançados
os objetivos do estudo iremos contribuir para detecção precoce e prevenção da
gripe suína no Brasil”, concluiu o pesquisador.
Fonte:
Portal Fiocruz
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