Uma pesquisa, fruto da
parceria entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), o Hospital Erasto
Gaertner e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), busca
desenvolver um teste inédito no Brasil para dar mais eficiência ao tratamento
de câncer de mama. Os primeiros resultados devem ser conhecidos já em 2017.
Atualmente, segundo o
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), 57 mil novos
casos de câncer de mama são diagnosticados no Brasil a cada ano. A maioria das
vítimas é composta por mulheres, sendo que 70% da incidência do câncer de mama
feminino está relacionado a tumores do tipo hormonal.
Esses casos são tratados
durante cinco anos com o Tamoxifeno, medicamento que diminui a reincidência do
câncer e aumenta a sobrevida da paciente, explica o médico oncogeneticista do
Hospital Erasto Gaertner e professor de Medicina da PUCPR, José Claudio Casali.
O medicamento é considerado uma pré-droga, porque precisa entrar em contato com
o metabolismo da paciente para gerar o efeito desejado.
No caso específico do
Tamoxifeno, esse efeito é realizado com enzimas naturais do organismo humano.
Entretanto, no Brasil, 10% das mulheres não têm a enzima CYP2D6, necessária
para gerar o efeito do medicamento. “Portanto, a cada ano, seis mil mulheres
usam o medicamento sem que ele surta efeito”, salienta Casali.
Por essa razão, especialistas
do Tecpar buscam desenvolver um teste para avaliar no plasma sanguíneo a
presença das substâncias produzidas na reação do medicamento com as enzimas
naturais da paciente e a sua concentração. O resultado desse teste permitirá
melhorar a eficiência do tratamento. “Com esse teste, o tratamento fica mais
personalizado e efetivo. Se a paciente não possui a enzima, ela já pode ser
encaminhada para outro medicamento que não o Tamoxifeno”, pontua o médico
oncogeneticista.
A linha de desenvolvimento do
Centro de Tecnologia em Saúde e Meio Ambiente do Tecpar vai atuar em dois campos:
um para verificar se a dosagem das 12 marcas do Tamoxifeno corresponde à
indicada na bula e outro para desenvolver um teste para medir, no plasma
sanguíneo da paciente, a presença e a concentração das substâncias produzidas
na reação com o medicamento. “O trabalho é inédito no Brasil por fazer esse
mapeamento, que gera respostas mais efetivas aos pacientes brasileiros”, pontua
Natalício Ferreira Leite, pesquisador do centro.
De acordo com o diretor de
Desenvolvimento Tecnológico do Tecpar, Reginaldo Joaquim de Souza, a pesquisa vai
gerar novas soluções que podem ser incorporadas ao Sistema Único de Saúde
(SUS). “A princípio, a ideia é disponibilizar ao Hospital Erasto Gaertner esse
teste, para ser feito logo no início do tratamento, e, mais para frente,
oferecê-lo ao SUS e levá-lo a todo o país”, explica Souza.
A expectativa é que em 2017 o
teste para medir a presença e a quantidade das substâncias derivadas do medicamento
usado no tratamento do câncer de mama já esteja disponível para uso pelas pacientes.
Tecpar
O Tecpar é uma empresa pública
do Governo do Estado e tem 76 anos de atividade. Os negócios do instituto são
divididos em quatro grandes unidades: Soluções Tecnológicas, para dar apoio às
empresas que buscam inovar; Empreendedorismo Tecnológico Inovador, com suas
incubadoras tecnológicas e com os parques tecnológicos, como o Parque
Tecnológico da Saúde; Educação, com qualificação para o mercado privado e ainda
com desenvolvimento de capacitações para servidores municipais de prefeituras
paranaenses; e Indústria Farmacêutica e Biotecnológica, com desenvolvimento e
produção de kits diagnósticos veterinários, vacina antirrábica e produção de
medicamentos de alto valor agregado para a saúde pública brasileira.
Além disso, o instituto atende
demandas do Governo do Estado, sendo executor de projetos na área de energias
renováveis e empreendedorismo tecnológico.
Saiba mais sobre o instituto
em www.tecpar.br.
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