Um país não pode se
desenvolver sem investimento em conhecimento. Para isso, é fundamental o Estado
utilizar todas as ferramentas disponíveis para estimular a ciência, tecnologia
e inovação (CT&I) de uma nação. A avaliação é do diretor-presidente do Instituto
de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e presidente da Associação Brasileira das
Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti), Júlio C. Felix, feita
nesta quarta-feira (12), no Plenário da Câmara dos Deputados, durante a
comissão geral para debater a situação do setor no Brasil.
Apesar dos contingenciamentos
para a área de CT&I, que neste ano representaram um corte de 44% no
orçamento do ministério ligado a Ciência e Tecnologia, Felix garante que há
outras alternativas para o governo investir no setor. “Esse é um país onde o
Estado é o maior comprador. O poder de compra do Estado é o suficiente para
alavancar a ciência e tecnologia do país. Há exemplos muito recentes, como os
do Ministério da Saúde”, afirmou.
A pasta, ainda no governo
anterior, criou o Complexo Industrial da Saúde, que a cada ano divulga uma
lista de produtos e medicamentos que apresentam alguma fragilidade de
abastecimento, seja pelo custo ou produção. “O ministério tem usado o poder de
compra para desenvolver medicamentos inovadores para a saúde pública
brasileira, e tem apoiado a transferência de tecnologia para que a gente crie
realmente no país a possibilidade de reduzir o custo para a saúde pública”,
informou o diretor-presidente do Tecpar.
Segundo Felix, somente por
meio das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP) no Complexo Industrial da
Saúde, aprovadas em 2013, o ministério economizou em torno de 60% na compra de
remédios com anticorpos monoclonais – entre os mais caros para a pasta e usados
para tratar doenças graves como osteoporose, leucemia e alguns tipos de câncer.
“Ou seja, esse é o uso benéfico da compra do Estado”, ressaltou.
O presidente destacou ainda a
necessidade dos órgãos de controle colaborarem para que o processo de compras
públicas se torne uma vertente a ser usada com mais frequência pela CT&I
nacional. “Nossos órgãos de controle passaram de controle para gestores. Em vez
deles estarem nos apoiando para melhorar nossas práticas de gestão, eles são
agora co-gestores. Acho que o maior problema da ciência e tecnologia hoje não
está só na falta de dinheiro, está na falta de compreensão da importância do
setor por parte dos órgãos que deveriam estar apoiando esse assunto”, alertou.
Instituições fechadas
Entre os exemplos para
ilustrar o cenário precário em que se encontra a pesquisa cientifica e
tecnológica no país, Felix citou os casos da Fundação de Ciência e Tecnologia
do Rio Grande do Sul (Cientec) e da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais
(Cetec), ambas fechadas por falta de recursos. A primeira já foi considerada um
dos maiores centros de pesquisa do Brasil em áreas como energia, carvão, óleo,
entre outros setores. Já o segundo centro tinha um histórico de 30 anos em
desenvolvimento tecnológico para Minas Gerais.
“Não se faz esforço para
melhorar as boas práticas de gestão nas organizações. Corta-se elas.
Simplesmente estão tirando o sangue que está suprindo o paciente”, comentou
Felix. “Em vez de resolvermos o problema, estamos aniquilando a solução. Sem
conhecimento, nós não vamos desenvolver esse país”, advertiu o presidente da
Abipti.
(Com informações da Agência
Abipti)
Assessoria de Comunicação
Instituto de Tecnologia do
Paraná (Tecpar)
(41) 3316-3007 / (41)
2104-3355
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