Como parte das comemorações de seus 115 anos, a Fiocruz concedeu ao médico Hésio Cordeiro o título de Pesquisador Honorário. Doutor em medicina preventiva pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em saúde coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uerj), o sanitarista sempre exerceu papel de destaque na área de saúde. Hésio Cordeiro fez parte do grupo pioneiro que idealizou um sistema unificado de saúde para o Brasil.
O presidente da Fiocruz (à direita), Paulo Gadelha, cumprimenta Hésio Codeiro (fotos: Peter Ilicciev)
A emoção dos presentes deu o tom da cerimônia de entrega do título, realizada na tarde de terça-feira (26/5), no Auditório do Museu da Vida, no campus Manguinhos da Fiocruz. “Hésio conseguiu reunir de forma tão expressiva ternura, acolhimento, rigor intelectual e firmeza de militância. Isso marcou cada um de nós”, saudou o presidente da Fundação, Paulo Gadelha, depois de ressaltar a importância do título para a instituição. Gadelha leu uma mensagem do ministro da Saúde, Arthur Chioro, que não pôde comparecer à cerimônia.
Ministro da Saúde
“Homenagear Hésio Cordeiro é homenagear a medicina social no Brasil. Sua trajetória fez com que o olhar médico em nosso país se voltasse para a comunidade. Desde quando se formou pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1965, Cordeiro mostrou-se inquieto com os rumos da saúde pública. Ao lado de outros pioneiros, transformou sua inquietação em realidade”, escreveu o ministro. “Fazer essa homenagem no dia em que comemoramos o aniversário da Fiocruz é muito oportuno. A determinação e competência da Fiocruz em desenvolver soluções de saúde é orgulho para o Brasil”, afirmou Chioro, em sua mensagem.
A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, fez um resumo da trajetória profissional do sanitarista.
A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Trindade Lima, fez um resumo da trajetória profissional do sanitarista, pontuando informações além do currículo de formação, premiações e cargos ocupados. Nísia destacou o papel de Hésio como líder na difusão de ideias de vanguarda – como as do filósofo Michel Foucault no campo da saúde no Brasil. “É uma trajetória que, esperamos, continue a inspirar a nossa instituição e as novas gerações”, disse Nísia.
O coordenador de Relações Internacionais, Paulo Buss, saudou o homenageado. “Me pediram que falasse de uma forma afetiva e eu me perguntei: tem outro jeito de falar, que não seja de uma forma afetiva do Hésio?”, destacou. Buss falou do início de sua vida profissional na Pediatria Clínica, de sua inquietação com a limitação da assistência e do primeiro contato com a Medicina Social da Uerj, quando conheceu o professor líder da geração de sanitaristas da época.
O coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz, Paulo Buss, saudou o homenageado.
Emocionado, o homenageado agradeceu à sua esposa, Maria José, companheira de toda a vida, e aos presentes. Participaram da mesa o vice-diretor do Instituto de Medicina Social da Uerj, Michael Eduardo Reichenheim, e o pesquisador Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, acadêmico que representou o presidente da Academia Nacional de Medicina, Pietro Novellino. Representantes de várias entidades e profissionais da área de saúde pública prestigiaram o evento, como o ex-diretor do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Luiz Antonio Santini.
Trajetória
Hésio Cordeiro teve atuação importante nas discussões da formação política e profissional do campo da medicina. Foi conduzido à presidência da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), no período de 1983 a 1985, e se destacou na articulação política do Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira. Foi presidente do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) entre 1985 a março de 1988, quando atuou como um dos articuladores das discussões da Saúde no processo constituinte.
O professor também ocupou a reitoria da Uerj, entre os anos 1992 e 1995, e dirigiu a Agência Nacional de Saúde de 2007 a 2010. Atualmente, Cordeiro é coordenador do programa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva da Universidade Estácio de Sá (Unesa) e coordenador de saúde da Fundação Cesgranrio. Os participantes puderam ver, no hall do Museu da Vida, uma exposição sobre a história de vida profissional do homenageado, produzida pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
Leia a íntegra da mensagem do ministro da Saúde, Artur Chioro:
“Homenagear Hésio Cordeiro é homenagear a medicina social no Brasil. Sua trajetória fez com que o olhar médico em nosso país se voltasse para a comunidade. Desde quando se formou pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1965, Cordeiro mostrou-se inquieto com os rumos da saúde pública. Ao lado de outros pioneiros, transformou sua inquietação em realidade.
Hésio Cordeiro foi um dos criadores do Instituto de Medicina Social da UERJ, um centro importante no processo de construção da reforma sanitária brasileira. Sua atuação enquanto pesquisador rendeu ao Brasil estudos reveladores. Em diversos campos, como análise da organização da assistência médica, políticas de saúde da Previdência Social, políticas de medicamentos, avaliação de serviços de saúde e os determinantes sociais das doenças, suas pesquisas contribuíram para o desenvolvimento da saúde pública brasileira. À frente do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps) na retomada democrática, teve papel fundamental na construção do Sistema Único de Saúde.
Hésio Cordeiro, o Ministério da Saúde, em nome do governo federal, reverencia seu trabalho e reconhece sua importância para a consolidação do imenso desafio que é oferecer saúde pública, gratuita e universal a mais de 200 milhões de brasileiros. Mais que um reconhecimento, a entrega do diploma de Pesquisador Honorário da Fundação Oswaldo Cruz é um agradecimento à sua dedicação ao tema da saúde pública.
Fazer essa homenagem no dia em que comemoramos o aniversário da Fiocruz é muito oportuno. A determinação e competência da Fiocruz em desenvolver soluções de saúde é orgulho para o Brasil. A trajetória da instituição faz parte da história de desenvolvimento da saúde pública brasileira, desde os primeiros soros e vacinas contra a peste bubônica, produzidos em 1900, até o genoma da BCG decifrado nesta década.
Em 115 anos, a Fiocruz enfrentou e venceu desafios. E para vencê-los contou com a atuação de bravos brasileiras e brasileiros. Oswaldo Cruz, Bertha Lutz, Sergio Arouca e tantos outros que fizeram a ciência alavancar a saúde do Brasil. Quantas barreiras foram superadas, como a cassação dos direitos políticos de seus cientistas em 64, para que a instituição pudesse chegar a patamares internacionais, como o primeiro isolamento do vírus HIV da América Latina.
Parabéns a todos que não esmoreceram e persistiram na construção da Fiocruz. Vocês merecem o reconhecimento de todos os brasileiros, com o desejo de que os próximos 115 anos sejam de mais inovação, mais descobertas e mais desenvolvimento para a saúde pública”.
Claudia Lima/Fiocruz
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