Pela primeira vez em seu segundo mandato, a presidenta Dilma Rousseff reuniu-se com governadores em Brasília.
Durante a abertura do encontro, a presidente defendeu as medidas adotadas para controlar gastos como forma de atingir o reequilíbrio do orçamento e retomar o crescimento. Dilma também pediu apoio para a aprovação de matérias de interesse do governo que estarão na pauta do Congresso Nacional no segundo semestre, e destacou que a aprovação de alguns projetos em tramitação vão gerar mais despesas e afetar os estados.
"Nós temos consciência de que é importante sempre estabelecer parcerias, cooperações e enfrentar os problemas juntos. Nós queremos construir bases estruturais para um novo ciclo de desenvolvimento do nosso país."
Ichiro Guerra/Presidência da República
A reunião provocou opiniões divergentes na Câmara. O líder do governo, deputado José Guimarães, elogiou a iniciativa da presidente Dilma em chamar os governadores para a conversa. Ele avalia que o encontro contribui para recompor o pacto federativo, garantir a governabilidade e discutir a integração de políticas para o fortalecimento da Federação. Guimarães ressaltou a importância de várias propostas em discussão, como a unificação do ICMS, a compensação para os estados que perderem com fim da guerra fiscal, o Fundo de Desenvolvimento Regional e a repatriação de capitais.
Para o líder do governo, o encontro vai ajudar na aprovação de projetos em tramitação no Congresso que são de interesse do Planalto e na rejeição de propostas que onerem a União, estados e municípios. José Guimarães defendeu a conclusão da votação do ajuste fiscal no Senado e citou outra proposta na lista de prioridades do governo.
"A questão dessa nova proposta de repatriação de capitais, porque o governo precisa fazer caixa. É simples, precisamos de novas receitas para garantir os compromissos sociais e das políticas públicas. Temos que sair dessa agenda negativista que a oposição quer nos envolver e nos meter. Nós temos que pensar o país porque ninguém quer que o Brasil quebre. E o Brasil não vai quebrar porque temos uma economia sólida, O Brasil não é uma republiqueta qualquer que fica a grande mídia criando sensacionalismo de crise. Nós temos que ficar fora desse discurso e os governadores podem contribuir muito nessa nova agenda que estamos construindo para o segundo semestre. Não acredito que o presidente da Câmara vá colocar, como dizem alguns setores da imprensa, essa pauta-bomba. Não interessa a ninguém."
Já o vice-líder do Democratas Pauderney Avelino diz que o encontro com os governadores significa uma tentativa de buscar apoio e dividir responsabilidades. Ele avalia que em relação à pauta, os governadores têm pouco a ajudar.
"Acredito de desmontar a pauta-bomba ou a bomba da pauta e outras questões colocando encargos aos governadores, encargos esses que eles não têm, são da própria Presidência da República, é querer demais. Não tem governador que possa pedir a parlamentares de seus estados que possam colaborar quando nós entendemos que há um movimento nas ruas do Brasil e esses movimentos exigem, sobretudo, o fim da corrupção que se instalou no governo do PT."
Pauderney Avelino acredita que, no segundo semestre legislativo, em razão de novas CPIs, como a do BNDES e dos fundos de pensão, os problemas serão evidenciados. Segundo o deputado, também contribuem para uma situação nada confortável para o governo os 11 pedidos de impeachment contra a presidente da República e a apreciação das contas deste e de outros governos. Pauderney Avelino concluiu que "a pauta da Câmara está recheada e vai trazer muita dificuldade para o governo, independentemente de o presidente da Casa, Eduardo Cunha, ter se declarado como opositor do governo.
Reportagem — Idhelene Macedo
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