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Publicado em 28 de jan de 2016. O novo boletim divulgado nesta quarta-feira (27) aponta também que 270 casos já tiveram confirmação de microcefalia, sendo que 6 com relação ao vírus Zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.

Medicamentos terão alta acima da inflação

O setor farmacêutico sofre os efeitos da grave crise econômica e o brasileiro paga a conta. Pela primeira vez, em mais de 10 anos, os medicamentos poderão ter aumentos acima da inflação. A expectativa é de que o governo aprove reajuste anual de 12,5% para os remédios. Os novos preços começam a valer em 31 de março, mas é aconselhável que o consumidor faça pesquisa, uma vez que o valor só deve ser alterado quando os estoques forem renovados.

As oscilações do câmbio e o aumento expressivo da energia elétrica tiveram grande influência na mudança, segundo explicou o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “Cerca de 95% da matéria-prima utilizada na indústria farmacêutica é importada”, disse.

A produtividade do setor foi negativa, o que significa que a mão de obra contratada produziu menos do que no ano anterior. Com a anulação dos fatores de produtividade, o governo determinou apenas uma faixa de reajuste para todas as categorias de medicamentos. “Antes, os remédios que tinham mais concorrência, como anti-iflamatórios, por exemplo, recebiam reajuste integral. Já produtos para câncer (com menos concorrência) tinham reajuste menor. Agora todos os produtos sofrerão a mesma alta”, ressaltou o Mussolini.

Ele alertou para a elevada tributação do país. “Somos um dos únicos países do mundo que têm carga tributária sobre medicamentos”, disse. A média mundial é de 6% de impostos sobre medicamentos e no Brasil é de 30%. Segundo ele, a cada R$ 10 pagos pelo consumidor, R$ 3 são impostos. “Não fica nem na mão da indústria nem na mão do varejo”, definiu.

O aposentado Mário Xavier da Costa, 68, é cliente fiel da mesma farmácia há mais de 10 anos. Por mês, os gastos dele chegam a R$ 400. “Eu sempre compro no mesmo lugar, assim garanto um bom desconto”, explicou. Além disso, ele disse que, para tentar driblar os preços altos, sempre compra genéricos, mesmo que os médicos insistam em passar medicamentos de um laboratório específico. “Tem genérico que chega a ser a metade do valor dos de marca. Sempre que possível, levo o mais barato”, contou.

Peso no bolso

Sem um sistema de saúde eficiente, os gastos com medicamentos, muitas vezes, consomem boa parte da renda familiar. O aposentado Antônio Amaral, 74, por exemplo, gasta tudo que recebe do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), um salário mínimo, em farmácias. A mulher dele está doente, internada em uma UTI, e os remédios são comprados para ela. “Faço bicos como pintor para conseguir me alimentar, já que os remédios consomem toda a minha renda”, explicou.

Os medicamentos têm os preços controlados pelo governo, que realiza reajustes anuais com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), outros três fatores são usados para definir as faixas de correção, sendo eles produtividade, concorrência das classes terapêuticas e forças econômicas, como câmbio e energia elétrica. “O cálculo do governo mostra com clareza que até a indústria farmacêutica está sendo atingida pelo momento difícil que o Brasil enfrenta”, afirmou Antônio Britto, presidente executivo da Interfarma.

O proprietário de farmácia Antônio Nereu, 68, já sente os efeitos dos aumentos previstos para o próximo mês. “Os consumidores que estão cientes do valor mais alto têm optado por estocar remédios de uso contínuo, como os de diabetes e hipertensão. Estão fazendo de tudo para fugir da alta e aproveitar os últimos dias do preço antigo”, explicou.


Fonte: Correio Braziliense

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