Hoje é o do Dia do Obstetra.
Para comemorar a data, o Blog da Saúde entrevistou o médico Eduardo Zlotnik
para uma conversa sobre os tipos mais adequados de parto.
Zlotnik é vice-presidente na
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, obstetra e
ginecologista e um dos responsáveis pelo projeto “Parto Adequado”. Uma parceria
entre a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita
Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI).
Com o apoio do Ministério da
Saúde, a iniciativa tem o objetivo de identificar modelos inovadores e viáveis
de atenção ao parto e nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o
percentual de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar.
Existe um tipo melhor de
parto?
O melhor parto é o mais adequado.
Temos que pensar que a cesariana tem duas indicações principais, quando a mãe
precisa ou quer, que é discutível, ou quando o bebê precisa para que os dois
saiam bem deste processo. Se o bebê e a mãe não precisam desta alternativa, o
ideal é fazer um parto normal.
Quais são as vantagens de ser
fazer o parto normal?
Os dois tipos de parto tem
suas vantagens. A cesárea, por exemplo, é maravilhosa para evitar algumas
complicações, como por exemplo, a contaminação vertical do vírus HIV. O parto
normal é, como diz o nome, o mais normal e natural, não é preciso ir contra a
natureza. No parto normal, como é espontâneo, temos uma chance muito maior de o
bebê nascer na data certa. Já que não há ninguém indicando a data para ele
nascer. Evita-se também as complicações naturais que podem acorrer uma
cirurgia, como lesões de bexiga ou intestino devido ao procedimento.
A maioria das mulheres que tem
parto normal também se recuperam mais rápido. Elas ficam menos tempo no
hospital, e isso nos leva a acreditar que o parto normal deixa a mulher melhor
e mais rápido do que o parto cesáreo. Nós nem devíamos estar discutindo a o
parto normal sobre a cesárea, e sim que o parto normal é o mais natural e a
cesárea e uma alternativa quando necessário.
Como está sendo desenvolvida o
projeto para partos mais adequados?
O projeto Parto Adequado foi
batizado assim, pois em nenhum momento a intenção é criminalizar a cesárea. Por
mais que nós tenhamos como objetivo o aumento do parto vaginal. Muito menos
criar uma cultura de que o parto normal é bom e a cesárea é ruim. Acreditamos
que o parto bom é o parto adequado para cada caso. Só que para fazermos a
mudança precisamos ir além do médico. Acreditamos que a grande mudança precisa
ser cultural, não só de regras, práticas e normas. Para mudar esta cultura
começamos com muita conversa, trazendo para discussão todos os que participam
do momento, médicos, enfermeiros, pacientes. Nós conversamos para buscar o
melhor caminho para trabalhar juntos e termos um objetivo comum. Esclarecer a paciente
de qual é o melhor método, para ela não acreditar em mitos. Trabalhando
bastante com capacitação que ajudam a deixar a equipe mais confiante em como
lidar com o parto normal. O médico estando mais confiante e capacitado, sabendo
como trabalhar em parceria com a enfermagem na hora do parto, haverá esta
diminuição.
No âmbito da saúde pública, o
Ministério da Saúde publicou Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas
(PCDT) para Cesariana, que traz parâmetros para as Secretarias de Saúde dos
Estados, Distrito Federal e Municípios afim de auxiliar e orientar os
profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias.
Entre os principais destaques
do protocolo, além de derrubar o mito de que a cesariana é mais segura e que o
parto normal é sempre um procedimento de dor e sofrimento, é auxiliar na busca
das melhores práticas em saúde. Além disso, é obrigatória a cientificação da
gestante, ou de seu responsável legal, dos potenciais riscos e eventos adversos
relacionados ao procedimento cirúrgico ou uso de medicamentos para a operação
cesariana.
Conheça alguns casos que a
cesariana pode ser ou não indicada
- A operação cesariana não é
recomendada como forma de prevenção da transmissão vertical em gestantes com
infecção por vírus da hepatite B e C;
- A operação cesariana
programada é recomendada para prevenir a transmissão vertical do HIV;
- A operação cesariana é
recomendada em mulheres que tenham apresentado infecção primária do vírus
Herpes simples durante o terceiro trimestre da gestação;
- A operação cesariana não é
recomendada como forma rotineira de nascimento de feto de mulheres obesas;
- A operação cesariana é
recomendada para mulheres com três ou mais operações cesarianas prévias;
- O trabalho de parto e parto
vaginal não é recomendado para mulheres com cicatriz uterina longitudinal de
operação cesariana anterior, casos em que há maior comprometimento da
musculatura do útero, aumentando o risco de sua ruptura no trabalho de parto.
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