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Publicado em 28 de jan de 2016. O novo boletim divulgado nesta quarta-feira (27) aponta também que 270 casos já tiveram confirmação de microcefalia, sendo que 6 com relação ao vírus Zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.

Fiocruz firma parceria para medicamento contra hepatite C

A Fiocruz e o Consórcio BMK, formado pelas empresas Blanver Farmoquímica, Microbiológica Química e Farmacêutica e Karin Bruning assinaram um acordo de cooperação técnico-científica que permitirá o desenvolvimento do medicamento Sofosbuvir (400mg), indicado para o tratamento da hepatite C. O produto tem efeito curativo, quando utilizado sozinho e/ou associado a outros inibidores de protease, num esquema terapêutico (administração oral) de 12 semanas (84 comprimidos/tratamento), evitando o uso do interferon. O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Jorge Bermudez, classificou a iniciativa como “momento histórico” que reforça ainda mais o papel da Fundação como instituição estratégica do Estado brasileiro. “Foram meses de trabalho e reuniões para chegarmos a esse estágio. Desde que o medicamento foi aprovado pelo FDA em 2013 houve uma mobilização mundial para garantir o acesso ao produto. Com o acordo damos mais um passo firme nessa direção”, afirmou Bermudez.

O preço inicial do medicamento, nos Estados Unidos, foi de US$ 84 mil por tratamento (US$ 1 mil por comprimido), o que praticamente inviabiliza o acesso. Com o desenvolvimento nacional esse preço poderá chegar a um valor estimado pelo Consórcio, como teto, de cerca de U$ 3 mil/tratamento (12 semanas). No entanto, serão feitos esforços para reduzir ainda mais este preço. Cerca de 1,5 milhão de brasileiros têm o vírus da hepatite C.

Bermudez lembra que o alto valor inicial causou uma reação mundial, já que a grande maioria dos países não têm como incorporar o medicamento em seus sistemas públicos de saúde. E mesmo os países desenvolvidos têm dificuldades em assimilar preço tão elevado. A empresa que desenvolveu o medicamento fez um acordo com laboratórios indianos para reduzir o preço, que poderá atingir cerca de US$ 840 por tratamento. Mas esse valor só poderá ser aplicado a 91 países de baixa e média renda – conjunto que não inclui o Brasil.


Diante desse cenário, e com a meta de baratear o preço do medicamento e assim contribuir com o Ministério da Saúde a atender a demanda do SUS, a Fiocruz iniciou um movimento visando o desenvolvimento nacional do Sofosbuvir 400 mg e desde 2014 vem promovendo reuniões de um grupo de trabalho que inclui empresas do setor farmoquímico e farmacêutico nacional (respectivamente, Microbiológica e Blanver), com o intuito de estabelecer cooperação técnica. Como desdobramento deste esforço coletivo, lotes experimentais do Sofosbuvir (IFA – ingrediente farmacêutico ativo) e da formulação do Sofosbuvir 400 mg já foram obtidos. O cronograma de trabalho reunindo a Fiocruz e o Consórcio prevê o encaminhamento para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do dossiê de registro no segundo semestre de 2016.

De acordo com Bermudez, o desenvolvimento do medicamento também abre perspectivas positivas para a criação, no futuro, de novos produtos contra a tríplice epidemia (zika, dengue e chikungunya), já que o vírus da hepatite C é um flavivírus, ou seja, da mesma família. “O Sofosbuvir está para a hepatite C como o AZT esteve para a Aids”, avalia Bermudez. Para o segundo vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina), Reinaldo Guimarães, “a radicalidade desta novidade representa uma ruptura de paradigma no tratamento da hepatite C. E também mostra que a indústria brasileira é inovadora e capaz". O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde, Eduardo Costa, disse que o órgão quer usar esse episódio para impulsionar outras parcerias.

Para o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o acordo feito entre uma instituição pública e empresas nacionais comprovadamente eficientes, como as do consórcio, é mais um esforço para fortalecer o Complexo Econômico Industrial da Saúde (Ceis) e a atuação deste dentro de uma política do Estado brasileiro. “Assim também ampliamos a base produtiva nacional e asseguramos a missão da Fiocruz em atender as demandas da área da saúde”. O diretor-presidente do Consórcio BMK, Jaime Rabi, salientou que a assinatura do acordo com a Fiocruz é um “momento emblemático e que a parceria vai desenvolver um produto estratégico fundamental para a população brasileira”.

Por: Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)

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