Foto: EBC
O desenvolvimento da vacina
contra o vírus Zika, resultado da parceria firmada entre o Instituto Evandro
Chagas (PA), do Ministério da Saúde, e a Universidade Medical Branch do Texas,
Estados Unidos, estará disponível para os testes pré-clínicos (em primatas e
camundongos) em novembro. A previsão foi
anunciada pelo diretor do instituto, Pedro Vasconcelos, ao ministro da Saúde,
Ricardo Barros, nesta sexta-feira (20) durante reunião no Ministério da Saúde.
O acordo internacional foi um
passo importante para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus. A universidade norte-americana é um
dos principais centros mundiais de pesquisas de arbovírus, especializado no
desenvolvimento de vacinas - assim como o Instituto Evandro Chagas, referência
mundial de excelência em pesquisas científicas. O estudo conta com um
investimento de aproximadamente R$ 10 milhões do ministério da Saúde.
O ministro Ricardo Barros
disse que a pesquisa superou as expectativas iniciais. “Será um salto
importante para saúde, em um tempo recorde. O prazo inicial, de 12 meses, está
sendo antecipado para nove meses. Isso mostra a importância do Instituto
Evandro Chagas como uma célula fundamental de desenvolvimento de tecnologia em
saúde no Brasil”, avaliou o ministro.
A vacina deverá ser
administrada em dose única e utilizará o vírus Zika atenuado. Inicialmente, o
público-alvo da imunização serão mulheres em idade fértil. “As novas
tecnologias são fundamentais para conseguirmos acelerar o processo de
desenvolvimento da vacina. Se as fases correrem dentro do esperado, em dois anos
poderemos ter a vacina pronta para produção”, observou Pedro Vasconcelos, do
Evandro Chagas.
Para o secretário de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Antônio Nardi, o imunobiológico
será fundamental para ajudar a diminuir a incidência dos casos de microcefalia
em bebês. “A vacina ajudará a prevenir a transmissão do vírus Zika para as
mulheres e suas consequências, como a microcefalia. Elas estarão protegidas e
poderão engravidar com mais tranquilidade”, explica.
O imunobiológico não poderá
ser aplicado em gestantes, mas o instituto também desenvolve outra tecnologia,
a partir do DNA recombinante do vírus para ser utilizado em grávidas. Essa
vacina deverá estar disponível para testes até fevereiro de 2017, segundo a
previsão de Pedro Vasconcelos, do Evandro Chagas.
Encerrado o desenvolvimento da
vacina pelo Instituto Evandro Chagas, a previsão é que em fevereiro de 2017
sejam iniciados os estudos clínicos (em humanos) para testar sua eficácia na
população. Essa etapa será executada pelo Instituto de Tecnologia em
Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz).
Devido à situação de
emergência gerada pela epidemia de Zika e suas consequências, como a
microcefalia em bebês, o Ministério da Saúde, junto com a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), já estuda formas de dar celeridade ao processo,
que normalmente dura cinco anos. Durante a epidemia de ebola a Organização
Mundial de Saúde (OMS) conseguiu negociar o andamento das fases de testes
clínicos.
PARCERIAS – O investimento em
novas tecnologias é um dos eixos do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e
à Microcefalia que está sendo executado pelo governo federal. Além do acordo de
desenvolvimento de uma vacina contra o Vírus Zika entre o Instituto Evandro
Chagas e a Universidade do Texas Medical Branch, existe uma parceria com o
governo da Paraíba e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis
(CDC) dos Estados Unidos para um estudo de caso controle de microcefalia
relacionada ao vírus Zika no Brasil. O objetivo da pesquisa é estimar a
proporção de recém-nascidos com microcefalia associada ao Zika, além do risco
da infecção pelo vírus.
Também foi celebrado contrato
entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan para financiamento da
terceira e última fase da pesquisa clínica para a vacina da dengue. No total, o
Ministério da Saúde investirá R$ 100 milhões nos próximos dois anos para o
desenvolvimento do estudo e outros R$ 8,5 milhões no desenvolvimento de soro
contra o vírus Zika. Ao todo, a previsão é um investimento de R$ 300 milhões do
governo federal para os estudos do Butantan.
MICROCEFALIA – O último
Informe Epidemiológico de Microcefalia divulgado pelo Ministério da Saúde
confirma 1.384 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso,
sugestivos de infecção congênita em todo o país. O boletim reúne as informações
encaminhadas semanalmente pelas secretarias estaduais de saúde até o dia 14 de
maio.
No total, foram notificados
7.534 casos suspeitos desde o início das investigações, em outubro de 2015,
sendo que 3.332 permanecem em investigação. Outros 2.818 foram descartados por
apresentarem exames normais, ou por apresentarem microcefalia e ou malformações
confirmadas por causa não infecciosas ou não se enquadrarem na definição de
caso.
Os 1.384 casos confirmados em
todo o Brasil ocorreram em 499 municípios, localizados em 26 unidades da
federação. Não existe registro de confirmação apenas no estado do Acre. Desses
casos, 207 tiveram confirmação por critério laboratorial específico para o
vírus Zika. O Ministério da Saúde, no entanto, ressalta que esse dado não
representa, adequadamente, a totalidade do número de casos relacionados ao
vírus. A pasta considera que houve infecção pelo Zika na maior parte das mães
que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia.
Fonte: Minsitério da Saúde,
por Gabriela Rocha
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