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Publicado em 28 de jan de 2016. O novo boletim divulgado nesta quarta-feira (27) aponta também que 270 casos já tiveram confirmação de microcefalia, sendo que 6 com relação ao vírus Zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.

Programa Bic Júnior ajuda a desenvolver em estudantes de ensino médio da rede pública, a vocação para a ciência


Todo início de tarde na Fundação Ezequiel Dias (Funed), a mesma cena se repete. Facilmente identificáveis pelos uniformes escolares, dezenas de alunos de instituições de ensino da região começam a chegar para desfrutar de momentos de puro aprendizado no Programa Bic Júnior. Desenvolvido pela Funed, o programa é destinado a estudantes do ensino médio da rede pública e tem o objetivo de despertar e desenvolver nos alunos a vocação científica, ampliando sua formação em ambiente de pesquisa.

Mariana Teixeira Vilela, tem 15 anos e está no 2º ano do ensino médio, na Escola Estadual Maurício Murgel. Assim que ficou sabendo do programa, recebeu logo o incentivo da mãe para participar. “Como minha mãe é professora de Biologia, desde muito cedo tive vontade de estudar e conhecer a área”. A colega de sala e xará Mariana de Souza Moreira, 16, que já era bolsista Bic Júnior na Biblioteca da Funed, foi quem falou sobre o programa.

Mariana conta que o fato de estar na Funed aumentou o seu interesse pela Biologia. “Hoje observo como as pessoas trabalham, como se organizam e o melhor de tudo é que tenho o conhecimento prático, pois na escola o aprendizado é mais teórico. É uma boa oportunidade de ter experiência e adquirir conhecimento”, disse.

Cada estudante selecionado participa de um trabalho de pesquisa coordenado por um pesquisador da Funed, tendo um supervisor que orienta todas as suas atividades ao longo do período letivo. Durante o ano, os alunos, além de serem introduzidos no ambiente de ciência e da tecnologia, também têm o desafio de construir materiais didáticos, como pôsteres e maquetes, sobre o tema escolhido junto com seus orientadores para integrar uma grande mostra de ciência e tecnologia, apresentada nas dependências da Funed.

Como trabalho de pesquisa, Mariana está desenvolvendo um blog para relatar o cotidiano do laboratório de Biologia Celular. A ideia foi da coordenadora do serviço e orientadora, Luciana Silva. “A iniciativa surgiu da observação das redes sociais e a proposta é criar um diário, onde vou postar as coisas que faço e tudo que vou aprendendo. No laboratório realizo uma pesquisa de procedimentos com cromossomos e no final do prazo estipulado vou apresentar o trabalho para minha orientadora. O objetivo é compartilhar essa experiência com as pessoas que se interessem pelo assunto, como está sendo o processo de pesquisa e também para servir como um incentivo para outros estudantes”, explica Mariana, entusiasmada.

Descoberta

Já para Mariana de Souza Moreira, bolsista na Biblioteca da Funed, o programa Bic Júnior foi uma chance de descobrir outra área que ela não imaginava seguir quando chegou à instituição. A estudante conta que quando se inscreveu optou pela área administrativa, pois para ela, esse campo oferece mais oportunidades no mercado de trabalho. “Fiquei muito empolgada quando recebi a ligação informando que eu havia sido escolhida. Mas quando conheci o historiador Sidney do Carmo, que é meu orientador, descobri que a vaga que eu iria ocupar era na área de História, para atuar na Biblioteca da Fundação. Fiquei surpresa, mas aceitei e fui participar de um projeto de divulgação histórica na Funed e, para minha surpresa, estou gostando muito. Com o passar do tempo comecei a admirar a Biblioteca, a gostar das pessoas que trabalham lá”. Para a diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Funed, Esther Bastos, o programa desempenha o papel importante de colaborar no processo de orientação vocacional dos bolsistas.

Mariana conta que o programa serviu também para mudar seu olhar com relação às serpentes e a fabricação de medicamentos, por exemplo. “Pensava que as instituições científicas eram ambientes fechados e descobri que as pessoas são descontraídas, especialmente na Biblioteca, que é um ambiente leve e bastante tranquilo”, diz a adolescente.
Outra “Bic” – como os bolsistas são chamados na Funed – que tem chamado a atenção pelo trabalho de pesquisa é Hanny Bárbara Rosa Oliveira, 15. Hanny está no 2º ano do ensino médio, na Escola Estadual Dom Cabral e chegou à Funed em abril de 2015. A estudante conta que sempre se interessou pela área de meio ambiente e para conseguir uma das bolsas, fez uma redação explicando o motivo de ter escolhido essa área. “Sempre gostei de assuntos relacionados ao meio ambiente, pois cresci vendo uma tia reaproveitando garrafas para fazer bolsas. Só mais tarde compreendi como a atitude dela ajudava diretamente o planeta”.

O exemplo familiar impulsionou a jornada de Hanny na Funed, que está envolvida desde que chegou em um processo de pesquisa sobre a separação de resíduos na Fundação. No início, sob a supervisão do pesquisador Marcos Mol e agora, da bióloga Fabiana Barbosa, a bolsista busca entender como funciona a coleta seletiva na Funed. “Durante o trabalho, desenvolvemos um artigo, em que aprendi métodos e técnicas de pesquisa. Hoje posso dizer que sou uma pessoa diferente, pois minhas práticas são outras. Quanto tenho que descartar algum resíduo, mesmo não tendo coleta seletiva por perto é possível ajudar lavando o copo de iogurte, por exemplo, antes de jogar fora”, reflete.

Quanto ao futuro, Hanny diz que ainda não tem certeza do que vai estudar, mas que pensa em seguir de alguma forma nesse caminho, não apenas porque gosta, mas porque é importante.

O programa

O Programa Bic Júnior existe na Funed desde 1995. Atualmente, são disponibilizadas 30 bolsas/ano para que os alunos desenvolvam projetos de iniciação científica. Todos os estudantes são oriundos de escolas públicas, selecionados por meio de avaliação de desempenho acadêmico, além de demonstração de interesse pela pesquisa científica.

Esther Bastos destaca que o trabalho desenvolvido pelo programa é fundamental porque traz o estudante para dentro de uma instituição de tecnologia e saúde, o que faz toda a diferença na vida escolar e pessoal do bolsista. “Como o Bic Júnior é um programa de educação amplo, o aluno tem a oportunidade de levar outras referências para a vida, lembrando que a instituição também recebe a contribuição de cada jovem que passa por aqui”, finaliza.


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