O Laboratório de Biologia Molecular (LBM), do Serviço de
Ciências Bioquímicas da Fundação Ezequiel Dias (Funed), pertencente ao
Instituto Octávio Magalhães, Laboratório Central da Saúde Pública do Estado de
Minas Gerais (Lacen-MG), realiza análises para a detecção qualitativa e
quantitativa de organismos geneticamente modificados, e a identificação de
espécies de peixes, verificando a existência de fraudes por falsificação ou
substituição de espécies declaradas nos rótulos. O Lacen-MG é o primeiro do
Brasil a realizar estes tipos de análises moleculares.
A fiscalização atende às demandas encaminhadas pela Agência
Nacional de Vigilância (Anvisa), pela Vigilância Sanitária do Estado de MG,
Ministério Público e Instituto de Defesa do Consumidor. Segundo Jovita
Gazzinelli, chefe do Serviço de Ciências Bioquímicas da Funed, as análises de
organismos geneticamente modificados (OGM) são feitas em grãos de soja e
derivados, como farelos, farinhas, extratos, bebida à base de soja; e em
derivados de milho, como fubá, canjiquinha, flocos, creme, farelos e outros.
Esta inspeção garante a conformidade com o Decreto 4.680, de 24/4/ 2003, que
determina a rotulagem sempre que a presença de OGM for acima de 1%.
A identificação de espécies de peixe, por sua vez, é feita
por meio da técnica de DNA Barcode. De acordo com a pesquisadora Gláucia
Amâncio, do LBM, “a ideia dessa técnica é a mesma do código de barras universal
de produtos do mercado varejista. Utiliza uma sequência de DNA extremamente
curta em relação à totalidade do genoma, e variabilidade genética suficiente
para caracterizar espécies”, diz. No LBM, essas análises são feitas em quatro
ou oito réplicas, e envolvem as etapas de extração e quantificação do DNA,
detecção do gene COI mitocondrial - que identifica espécie animal,
sequenciamento desse gene, e sua análise em banco de dados universal, como o
Bold Systems.
As amostras de alimentos são coletadas no comércio pelas
vigilâncias sanitárias dos municípios, a partir da definição entre a Vigilância
Sanitária Estadual e a Funed, trazidas para a Fundação e entregues ao Serviço
de Gerenciamento de Amostras, onde são cadastradas e distribuídas aos
laboratórios para as análises específicas.
O resultado final é registrado no Sistema de Gerenciamento
de Amostras Laboratoriais (Harpya), onde são compilados os resultados de todos
os laboratórios da Divisão da Vigilância Sanitária e Ambiental (Divisa) e
emitido o laudo fiscal. Esse laudo, depois de assinado, é encaminhado à
Vigilância Estadual para tomar as providências cabíveis quando necessário.
Funed ofertará nova análise para detecção de alérgenos em
alimentos no próximo ano
O Laboratório de Biologia Molecular (LBM) do Serviço de
Ciências Bioquímicas, da Fundação Ezequiel Dias, ofertará uma nova análise para
detecção da presença ou ausência de alérgenos em alimentos, através da técnica
de reação em cadeia da polimerase (PCR), para a adequação das rotulagens dos
produtos alimentícios. A análise, que se encontra em fase de validação, estará
disponível a partir de 2017.
A detecção de alérgenos em alimentos irá atender à demanda
da Anvisa, frente à Resolução RDC Nº 26, de 2/7/2015, que estabelece os
requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam
alergias alimentares. As indústrias tem o prazo de um ano para se adequarem à
nova rotulagem.
Segundo a pesquisadora Gláucia Amâncio, “a alergia
alimentar é um problema nutricional que tem aumentado durante a última década,
devido à exposição da população a um número maior de alérgenos alimentares,
como ovos, leite, glúten, amendoim, nozes, amêndoa, avelã, castanhas, soja e
outros”, afirma.
As reações alérgicas apresentam vários tipos de
manifestação, a mais grave é a anafilaxia – caracterizada por erupção cutânea,
náusea, vômitos, dificuldade de respirar e estado de choque – com potencial
risco de vida. A rotulagem correta é essencial para que os consumidores possam
avaliar os componentes dos alimentos processados para o consumo próprio. De
acordo com Amâncio, “a partir do momento em que o melhor meio de prevenir uma
reação alérgica consiste na evasão total do alérgeno, esses consumidores são
aconselhados a avaliar cuidadosamente a rotulagem de alimentos processados que
estão disponíveis no mercado”, complementa.
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