Após aprimorar os métodos de
criação de serpentes, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), por meio do Serviço de
Animais Peçonhentos (SAP), propiciou a eclosão de quatro ovos de corais
verdadeiras, da espécie Micrurus frontalis.
Recebida do município de Lagoa
Santa, a serpente, que já chegou fecundada na Fundação, passou por uma triagem,
de forma que a espécie pudesse ser identificada e encaminhada à quarentena,
como explica Rômulo Toledo, chefe do SAP. “Assim que a serpente chega à Funed,
fazemos a identificação, biometria (peso, tamanho, sexo, condições de saúde) e
a inserimos em um isolamento, com duração mínima de 60 dias. Todo esse processo
é feito para que a coral consiga fazer a adaptação do ambiente silvestre para o
cativeiro”.
Logo que a serpente fez a
postura, os profissionais do SAP montaram uma incubadora para o desenvolvimento
dos ovos (1ª foto). “Monitoramos constantemente a temperatura, a umidade da
caixa e a ventilação, prevenindo o surgimento de fungos, que podem inviabilizar
o desenvolvimento dos embriões”, esclarece Rômulo. Agora que eclodiu, um dos
grandes desafios é a alimentação dos filhotes. “Como ainda são muito pequenas,
talvez seja necessária a alimentação por sonda ou substrato proteico. Porém,
esse é um período decisivo para o crescimento desses animais, já que precisam
ganhar peso e são muito sensíveis aos métodos de alimentação forçada”, explica.
Após o nascimento das quatro
serpentes, mais de 40 ovos (cobra do milho, cobra verde e jararaquinha de
jardim) foram postos e já se encontram em incubadoras similares às
desenvolvidas para as corais. A intenção é que estas corais, nascidas em
cativeiro, possam contribuir na produção do soro antielapídico, produzido na
Funed e utilizado para o tratamento em casos de acidentes com picadas.
Para a produção de soros de
diversas espécies, é necessário o cuidado não só com os filhotes, mas também
com as serpentes que já são utilizadas na extração do veneno. Segundo Rômulo,
mudanças na alimentação, fotoperíodo, substrato das caixas de criação e aumento
no intervalo da extração de veneno fez com que o serpentário tenha, além de
animais saudáveis, um reconhecimento da excelência dos métodos utilizados
durante o trato animal. Em outubro deste ano, Rômulo participou do Simpósio
Internacional de Corais Verdadeiras, a convite dos organizadores do evento,
para compartilhar as técnicas utilizadas no SAP, que garantem bem estar animal
e longevidade às serpentes.
Curiosidades
Apesar da eclosão de quatro
serpentes, apenas três sobreviveram. Uma delas, que nasceu com duas cabeças,
morreu pouco tempo depois de eclodir. Segundo Rômulo, isso pode ser justificado
por uma anomalia congênita.
Apesar da atipicidade do fato,
ele diz que é possível a sobrevivência de uma serpente nessas condições. O que,
provavelmente, ocasionou a morte da serpente foi a má formação dos órgãos.
“Apenas a cabeça bifurcada externou a anomalia. Pode ser que isso tenha
continuidade na parte interna do animal, impossibilitando a sobrevida".
A Coral de duas cabeças será
fixada em formol para exposição ao público e possíveis estudos.
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