Por Isabela Martins
Um composto produzido em
laboratório foi utilizado para eliminar as células tumorais responsáveis por
uma das formas mais agressivas do câncer de mama, o triplo negativo, um tipo de
tumor agressivo e resistente à quimioterapia.
A revista científica Chemical Biology & Drug Design, destacou a
relevância da pesquisa, em sua publicação de julho deste ano.
O estudo tem coordenação e
orientação da pesquisadora da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Luciana Silva e
autoria de Aline Brito de Lima, cujo trabalho foi realizado durante seu
mestrado em Ciências da Saúde, pela Universidade Federal de São João del-Rei
(UFSJ). São co-autores do trabalho os pesquisadores Fernando Varotti, Gustavo
Viana e Fábio Santos, além das alunas Camila Barbosa e Alessandra Gonçalves, integrantes
do Núcleo de Pesquisa em Química Biológica do Campus Centro-Oeste da UFSJ. As
moléculas do estudo foram patenteadas, sendo a Funed uma das instituições
autoras da patente.
A pesquisa investigou quais os
tipos de células do tumor de câncer triplo negativo eram afetados quando
tratados com as moléculas análogas de alcaloides marinhos. “Já sabíamos a
quantidade de células que morriam, mas queríamos saber quais eram elas”, conta
Luciana. “Fizemos um levantamento das características dos tipos celulares
apresentados antes e depois do tratamento com as moléculas e vimos que as
células com perfil de células tronco do câncer de mama morriam”, explica Aline.
Luciana ressalta que, segundo
a literatura, a maioria dos tumores é recidiva, ocasionando o retorno da
doença. Esta possibilidade de volta do tumor é dada pelas células tronco do
câncer. “As células tronco que todos conhecemos, que apresentam função
terapêutica, são diferentes das células tronco do câncer, que neste caso podem
provocar o reaparecimento do tumor, devido à sua capacidade de crescimento e
retorno. Elas regeneram o tumor e, por geralmente não serem afetadas pelos
tratamentos usuais do câncer, ocorre a seleção de um grupo de células muito
mais resistente. O tratamento mata as células mais sensíveis do tumor, restando
as células troncos do câncer, resistente ao tratamento. São elas que irão crescer, proliferar e muitas vezes
determinar a agressividade do tumor”, esclarece Luciana.
A doença
O tumor de Câncer de Mama
Triplo Negativo, de acordo com o Hospital Sírio Libanês, “costuma ser mais
agressivo porque existe maior chance de retorno da doença depois de um prévio
controle, levando à metástase e a uma sobrevida menor do que os outros tipos de
câncer”. As pacientes têm, em média, uma sobrevida de cinco anos.
O Ministério da Saúde estimou
que no biênio 2016/2017, fossem registrados 57.960 novos casos de câncer de
mama no país. Deste, 11.592, cerca de 20%, serão de triplos-negativos.
Novidade
A pesquisadora Luciana Silva
coordena o Serviço de Biologia Celular (SBC) da Diretoria de Pesquisa e
Desenvolvimento da Funed, que inovou ao analisar, neste estudo, subpopulações
tumorais. “Já temos uma frente de análise gênica e agora estamos entrando numa
era de análises de estudos antitumorais, considerando as subpopulações
celulares, o que é tendência mundial”, relata Luciana.
Ela complementa, ainda, que
“esse tipo de análise, utilizando as subpopulações, é extremamente relevante,
visto que trabalhamos com um tumor que é altamente agressivo, com poucas
possibilidades de tratamento. Este é o nosso grande desafio”, completa a
pesquisadora.
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