As pessoas estão sempre em
busca de novos medicamentos para aliviar os incômodos da saúde, mas pouco se
fala a respeito do descarte desses itens. Quando eles são descartados por
estarem vencidos ou em desuso de forma aleatória, no lixo comum ou no vaso
sanitário, por exemplo, podem gerar impactos negativos ao meio ambiente e até à
saúde humana.
Segundo a Unidade de Gestão
Ambiental (UGA), da Funed, os medicamentos descartados de forma irregular
trazem sérias consequências ao meio ambiente. “Quando liberados no sistema de
esgoto por usuários consumidores, os resíduos químicos dos medicamentos acabam
diluídos na água e são praticamente impossíveis de serem eliminados via processo
de filtragem. Ou seja, a água é contaminada por esses agentes e retorna aos
fluxos hídricos concentrada de resíduos aos cidadãos”, explica Fabiana Cristina
Lima Barbosa, bióloga responsável pela Unidade.
Já existem estudos voltados
para a análise de afluentes urbanos e os dados apontam para uma concentração de
hormônios derivados de resíduos fármacos capazes de afetar gravemente os rios e
lagos de diversas regiões. Segundo os dados levantados em 2010 pela companhia
Brasil Health Service (BHS), as estatísticas mostram que 1kg de medicamento
descartado via esgoto pode contaminar até 450 mil litros de água.
Uma vez liberados no lixo
comum, esses resíduos medicamentosos seguem para o aterro comprometendo a qualidade
do solo. Os componentes químicos descartados podem alcançar o nível freático,
poluindo o reservatório das águas submersas no solo. “Os impactos do descarte
são graves e precisam ser debatidos com seriedade nas instâncias do poder
público, principalmente”, alerta Fabiana.
ETAR: Estações de Tratamento
de Águas Residuais - ETA: Estações de Tratamento de Águas - Fonte: Kummerer.
(2010).
Para se ter ideia do potencial
desses impactos e de suas possíveis consequências, um estudo da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial(ABDI), publicado em outubro de 2016,
esclarece as reais condições de descarte de fármacos. A pesquisa se baseou em
dados estatísticos levantados pelo IBGE, pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) e pelo Conselho Federal de Farmácia. De acordo com o
estudo, a projeção estimada é de que, de 2014 a 2018, as cidades brasileiras
seriam capazes de gerar até 5,8 mil toneladas de resíduos de fármacos. Esse
crescimento é proporcional à taxa de consumo total de medicamentos, que também
vem crescendo desde os últimos anos.
No mesmo período, o número de
descarte nos municípios com mais de 100 mil habitantes subiu de 2.474 para
3.123. Houve um crescimento de 649 toneladas de resíduos descartados ao meio
ambiente de forma irregular nesses municípios, durante esses cinco anos. Tendo
em vista o crescimento dessa taxa de consumo, os envolvidos no comércio e na
fabricação de medicamentos e insumos farmacêuticos são intimamente
comprometidos a se encarregar pelo destino desses resíduos a partir da
logística reversa.
Logística reversa
A logística reversa consiste
no retorno ao fabricante dos resíduos gerados pelo consumo do que foi
produzido. Por exemplo, as lâmpadas queimadas nas residências podem ser
encaminhadas para pontos de coleta e estas serão devolvidas ao fabricante que
deverá providenciar o tratamento e disposição final do resíduo. Esta
responsabilidade está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos,
instituída pela Lei 12.305/2010. “Apesar de o descarte ser de responsabilidade
do fabricante, o consumidor também deve atuar encaminhando o resíduo de
medicamento vencido ou em desuso para uma farmácia para que esta promova o
encaminhamento adequado.”, lembra a bióloga.
Fabiana acredita que o debate
a respeito de quem deve se responsabilizar frente aos danos associados ao
descarte irregular é polêmico. “É
importante lembrar que a conscientização dos consumidores é fundamental frente
ao descarte incorreto e à maneira correta de consumo de medicamentos, mas as
instituições fabricantes, fornecedoras e distribuidoras também tem
responsabilidade direta em relação aos impactos causados”, acrescenta.
Texto: Mateus Carvalho
Assessoria de Comunicação
Social
0 comentários:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.