Plataforma de sequenciamento
oferece tecnologia de ponta em pesquisas e diagnóstico de alta complexidade
O Serviço de Virologia e
Riquetsioses, do Instituto Octávio Magalhães (IOM) / Fundação Ezequiel Dias
(Funed), adquiriu uma plataforma de sequenciamento de nova geração. Entre as
aplicações da plataforma está a caracterização molecular dos agentes etiológicos
circulantes, ou seja, os agentes causadores de doenças, o que possibilita,
através da análise filogenética, identificar genótipos e mutações associadas à
gravidade e à resistência a tratamentos específicos.
A nova plataforma já está
funcionando junto ao Laboratório de Biologia Molecular e permite também
realizar o estudo retrospectivo de epidemias, com o objetivo de reconstruir a
história evolutiva dos seus agentes causadores. É uma ferramenta que pode
contribuir com o trabalho da Vigilância Sanitária, Ambiental e Epidemiológica,
e entre outras possibilidades, na pesquisa básica e aplicada.
A plataforma é composta pelo
sequenciador Ion Torrent Personal Genome Machine e pelo sequenciador portátil
MinIon, que colocam a Funed na vanguarda do diagnóstico de alta complexidade,
vigilância em saúde e pesquisas.
Para entender como funciona o
sequenciamento genômico, o chefe do Serviço de Virologia e Riquetsioses, Glauco
de Carvalho Pereira, cita como exemplo o vírus da dengue. “Existem quatro
sorotipos do vírus da dengue, que são antigenicamente relacionados e
geneticamente distintos. Dentro de um mesmo sorotipo pode haver uma diferença
no genoma, que pode alterar sua virulência, causando uma doença mais grave ou
mais branda. Com essas informações junto aos dados da vigilância epidemiológica
e estudos retrospectivos, é possível que os órgãos competentes possam tomar
medidas necessárias para diminuir ou até mesmo evitar óbitos”, explica.
O responsável pelo Laboratório
de Biologia Molecular, Felipe Iani, explica que a plataforma poderá ser
utilizada pelos laboratórios de todas as diretorias da Funed que desenvolvem
pesquisas e atuam com vigilância em saúde. “Estamos desenvolvendo o modelo de
utilização da plataforma pelos laboratórios e pesquisadores. Todos os reagentes
e os equipamentos foram adquiridos pelo IOM e, em um segundo momento, os
parceiros poderão ajudar com recursos para manter a plataforma funcionando. Os
interessados em utilizar a plataforma devem entrar em contato com o Serviço de
Virologia e Riquetsioses, que ficará responsável por processar as amostras”,
explica.
Felipe acrescenta ainda que
essa infraestrutura irá “facilitar a aprovação de projetos de pesquisa
desenvolvidos pela Fundação”. Glauco Carvalho explica que a plataforma começa a
funcionar internamente na Fundação, mas futuramente o “serviço será oferecido a
outras instituições, ampliando a atuação da plataforma, deixando-a completa
para executar qualquer tipo de sequenciamento”.
Diagnóstico
De acordo com Felipe Iani, na
análise laboratorial, o diagnóstico é baseado no genoma dos vírus. Como os
vírus são mutantes, se a área do genoma sofre alguma mutação no ponto de
detecção, o diagnóstico para de funcionar. “Isso aconteceu com o vírus
influenza no ano passado. Tivemos vários diagnósticos inconclusivos, que só
puderam ser detectados em um laboratório de referência nos Estados Unidos (CDC
Atlanta). Com a nova plataforma, estes exames podem ser realizados na própria
Funed”, conta.
Além do diagnóstico
laboratorial, as vacinas também são desenvolvidas a partir de estudos do genoma
e de proteínas. “Se ao realizar a vigilância epidemiológica for verificado
algum vírus com muitas mutações em uma região na qual a vacina foi baseada, é
um grande indicativo de que ela pode parar de funcionar e deve ser atualizada.
Por meio do genoma ainda é possível analisar quando e por onde o vírus entrou,
observando a semelhança genética. No caso do zika, percebeu-se que o vírus
entrou no Brasil em 2013 e não em 2014, como se pensava. Com o sequenciamento,
compara-se a similaridade dos vírus de outros estados e países e então é
possível inferir por qual região os vírus estão entrando e para onde eles estão
indo”, observa Felipe.
No caso da vigilância
bacteriana, o sequenciador permite identificar, por exemplo, bactérias
resistentes aos antibióticos. Para Felipe, essa plataforma “é um ganho para a
Funed, pois é uma tecnologia de ponta em pesquisas e diagnóstico de alta
complexidade, o que há de mais novo o mercado, sendo de fundamental importância
para todas as áreas da Funed”, ressalta.
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