Três projetos da Funed foram contemplados na Chamada
Universal 2017, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(Fapemig): Novas Estratégias para o Desenvolvimento de uma vacina contra
Streptococcus pneumoniae, Avaliação da Eficácia do Benzonidazol Veiculado em
Nanocaco3 no Tratamento da Infecção Experimental Pelo Trypanosoma Cruzi e
Influência das Diferentes Preparações de Bebidas de Café. As pesquisas são
desenvolvidas pelos pesquisadores Sophie Yvette Leclercq, Sérgio Caldas (DPD) e
Jovita E. Gazzinelli Cruz Madeira (IOM), respectivamente.
Submeter projetos a chamadas públicas é uma forma de
garantir recursos para dar continuidade aos estudos voltados à área de saúde
pública desenvolvidos pela Funed. Sophie Leclercq conta que a pesquisa
desenvolvida por ela propõe o desenvolvimento de uma nova vacina contra o
Streptococcus pneumoniae, bactéria responsável por várias doenças como
pneumonia, meningite e sepsis. A pesquisadora explica que existem várias formas
da bactéria, chamado de sorotipo (em torno de 90) e a vacina atualmente
disponível no mercado protege contra no máximo 13 sorotipos.
Consequentemente, novas pesquisas usando ferramentas de
biotecnologia moderna (Bioinformática e Biologia Molecular) estão em andamento
para desenvolver uma vacina com cobertura mais abrangente. “A ideia é trabalhar
com antígeno quimérico, ou seja, pegar pedaços de proteínas de sorotipos
diferentes e combiná-los em uma proteína representativa do maior número
possível de sorotipos. Além disso, a pesquisa tem como objetivo avaliar o uso
de bactérias lácticas (tipo de bactéria usada na indústria do leite e presente
naturalmente no sistema digestivo humano) como sistema de entrega da vacina”,
detalha. Até o início de 2018 serão iniciados os estudos em animais para
avaliar a capacidade de proteger contra a infecção.
Sérgio Caldas fala da relevância que pesquisas relacionadas
à doença de Chagas têm para o país, já que a doença é endêmica em 21 países da
América Central e do Sul, acometendo cerca de oito milhões de pessoas e levando
mais de 12 mil a óbito anualmente. O pesquisador lembra que a doença também tem
se tornado um problema global, com o aumento de casos sintomáticos em áreas não
endêmicas, como EUA e Europa. “O principal problema com relação ao tratamento
dos indivíduos infectados são os efeitos colaterais indesejáveis e a baixa
eficácia do medicamento na fase crônica, problemas que a nanotecnologia
proposta está buscando contornar”, afirma.
Para que isso seja possível, a pesquisa de Sérgio – que
começou a ser desenvolvida este ano na Fundação – consiste no uso da
nanotecnologia para potencializar o efeito do benzonidazol, medicamento
utilizado no tratamento da doença de Chagas, utilizando nanopartículas de
carbonato de cálcio (NanoCaCO3). A pesquisa está na fase de produção e
caracterização das NanoCaCO3. As próximas etapas serão determinar os efeitos in
vitro contra as três diferentes formas evolutivas do Trypanosoma cruzi,
parasita causador da doença de Chagas, e realizar os testes in vivo, utilizando
camundongos experimentalmente infectados. O recurso aprovado será importante
para o desenvolvimento dessas etapas. “O objetivo central da pesquisa consiste
na busca da potencialização do efeito do benzonidazol no tratamento da doença
de Chagas, através do seu carregamento em NanoCaCO3 avaliadas em diferentes formas,
vias, dose e tempo de administração em camundongos, haja vista as baixas taxas
de cura observadas na fase crônica da infecção”, explica o pesquisador.
A terceira pesquisa da Funed que irá receber recursos está
relacionada a uma paixão nacional: o café. O grão é reconhecido como um dos
principais produtos agrícolas exportados pelo Brasil e representa importante
gerador de divisas para o país, além de ter função social, fixando mão de obra
no campo e gerando empregos, principalmente no estado de Minas Gerais, um dos
maiores produtores do Brasil. A qualidade do café é determinada comercialmente
por características físicas dos grãos e sensoriais da bebida. Jovita
Gazzinelli, responsável pela pesquisa, explica que a ocorrência de infecções
microbianas nos grãos de café pode comprometer tanto o seu aspecto visual
quanto o sabor e o aroma. “O café tem sido alvo de inúmeras pesquisas que
buscam verificar o potencial toxigênico de fungos e, principalmente, detectar a
presença de Ocratoxina A (OTA) nos grãos crus e torrados, pois é a toxina mais
descrita em café”, detalha Jovita.
A especialista explica que a OTA é uma das micotoxinas mais
estudadas por causa dos seus efeitos teratogênicos (que pode provocar
malformação congênita), embriotóxicos (que produz efeitos tóxicos ao embrião),
genotóxicos (efeitos tóxicos que alcançam o material genético) e nefrotóxicos
(substância tóxica aos rins) em animais, tendo sido classificada pela
International Agency for Research on Cancer (IARC) como pertencente ao grupo
2B, ou seja, pode provocar câncer. A pesquisa, que receberá recursos por meio
da chamada universal, está em fase inicial e pretende avaliar a ingestão de OTA
em bebidas a partir de café naturalmente contaminado. “Com a pesquisa
pretende-se também avaliar os níveis de OTA em café torrado, moído e solúvel
consumido no estado de Minas Gerais e verificar o potencial risco à saúde
humana, considerando os níveis de OTA encontrados nas diferentes bebidas, o
consumo diário de café pela população e a ingestão provisória diária máxima
tolerável, estabelecida pelo Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives
(JECFA) de 16 ng kg-1 por dia”, detalha a pesquisadora.
Atenciosamente,
Vivian Teixeira
Assessoria de Comunicação Social
(31) 3314-4577
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