O ministro da Saúde, Marcelo
Castro, anunciou nesta quarta-feira (23), em Brasília (DF), o lançamento de
edital de pesquisas contra o Aedes aegypti e as doenças transmitidas pelo
mosquito. No total, serão disponibilizados R$ 20 milhões para estudos na área
do controle do vetor, diagnóstico, prevenção e tratamento. O anúncio ocorreu
durante cerimônia com a presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. A
medida faz parte das ações do Eixo de Desenvolvimento Tecnológico, Educação e
Pesquisa do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes aegypti e à Microcefalia,
lançado pelo Governo Federal em dezembro de 2015.
“Estamos dentro de um esforço
grande no combate ao vírus da Zika. Esse é um desafio muito importante não só
do Brasil, mas de toda a comunidade internacional, que é pesquisa,
desenvolvimento e inovação para auxiliar o combate em todos os níveis (...).
Precisamos de novo métodos para combater o mosquito transmissor da doença. Por
isso, os investimentos que estamos anunciando hoje são de extrema importância.
O nosso objetivo é avançar no conhecimento sobre o vírus de zika na oferta de
diagnósticos, de vacinas e de medicamentos”, destacou a presidenta Dilma
Rousseff.
O ministro da Saúde, Marcelo
Castro, também anunciou que o teste com o mosquito com a bactéria Wolbachia,
pesquisa realizada em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), deve
começar uma nova fase. “Vamos apoiar o desenvolvimento de pesquisas, de novas
tecnologias para combate o mosquito, para diagnóstico, para prevenir a doença
com a vacina. Já estamos com várias linhas de pesquisa para ter um diagnóstico
mais rápido e preciso das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti. Mas também
precisamos desenvolver tecnologias para combate o vetor e a contaminação do
mosquito com bactéria Wolbachia é uma das mais promissoras”, ressaltou Castro.
Na próxima semana,
representantes da Fundação Bill e Fundação Bill e Melinda Gates vêm ao Brasil
para definir os próximos passos da pesquisa. Cidades como Rio de Janeiro e
Niterói estão sendo estudadas como potenciais locais para a liberação do
mosquito. Já foram feitos estudos pilotos na Ilha do Governador, do Rio de
Janeiro, e no bairro de Jurujuba, em Niterói. Agora, a ideia é fazer a pesquisa
contemplando toda a área territorial de uma cidade e com uma população maior.
Quando presente no Aedes
aegypti, a bactéria é capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito. A
proposta é usar os mosquitos como uma alternativa segura e autossustentável
para o controle da dengue e de outros vírus, como Zika e Chikungunya. A
iniciativa também acontece na Austrália, Vietnã, Indonésia e Colômbia.
PESQUISAS – A previsão do
Ministério da Saúde é investir um total R$ 258 milhões em novas tecnologias nos
próximos quatro anos dentro do eixo do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes
aegypti e à Microcefalia. Até o momento, a pasta já se comprometeu com cerca de
R$ 130 milhões para o desenvolvimento de vacinas, soros e estudos científicos
para as doenças causadas pelo Aedes aegypti.
Diante da situação de
emergência em saúde, a expectativa do governo federal é disponibilizar R$ 649
milhões para investimentos em ações de combate ao mosquito e às doenças
relacionadas, diagnóstico, controle vetorial, pesquisas sobre o vírus zika,
vacinas, tratamentos e inovação em gestão de serviços de saúde, saneamento e de
políticas públicas. Além do Ministério da Saúde, também estão previstos
recursos dos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Haverá ainda mais R$ 550 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) e Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para o
desenvolvimento, produção e comercialização de tecnologias.
Entre os projetos em andamento
pelo Ministério da Saúde estão a produção de 500 mil testes nacionais de
biologia molecular para a realização de diagnóstico de dengue, chikungunya e
Zika pela Fiocruz. Hoje, o Brasil possui um teste para identificar cada doença,
pois em cada processo são usados reagentes importados e, para descartar a
presença da dengue e chikungunya, é necessário realizar cada exame
separadamente.
Além disso, o Ministério da
Saúde irá repassar R$ 11,6 milhões para a Fiocruz desenvolver pesquisa e vacina
contra o vírus Zika. Do total, cerca de R$ 6 milhões (US$ 1,5 milhão) serão
destinados para projetos de cooperação bilateral para pesquisas sobre o vírus
Zika e microcefalia entre a Fiocruz e o National Institutes of Health (NIH). Os
outros R$ 5,6 milhões serão para o desenvolvimento da vacina contra o vírus
Zika.
Também está sendo analisada a
inclusão do vírus Zika no teste NAT realizado nas bolsas de sangue em todo o
país. O estudo será feito pelo Laboratório Biomanguinhos da Fiocruz, no Rio de
Janeiro, que já detém a plataforma NAT no país, e a celeridade dos processos de
registro ficarão a cargo de parceria firmada entre Anvisa e o FDA, agência
reguladora dos EUA.
Outras parcerias entre os dois
países estão em andamento, como a firmada com a Universidade Medical Branch, do
Texas, para o desenvolvimento da vacina com o vírus Zika. A parceria no Brasil
para desenvolvimento da vacina será com o Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão
vinculado ao Ministério da Saúde. O governo brasileiro vai investir
aproximadamente R$ 10 milhões nesse programa.
Para financiamento da terceira
e última fase da pesquisa clínica para a vacina da dengue do Instituto
Butantan, o Ministério da Saúde investirá R$ 100 milhões nos próximos dois anos
para o desenvolvimento do estudo. Além da pasta, outros órgãos do governo
federal devem colocar mais R$ 200 milhões. Também foi assinado, na mesma
ocasião, investimento por parte do Ministério da Saúde de mais R$ 8,5 milhões
no desenvolvimento de soro contra o vírus Zika.
Gabrielle Kopko, da Agência
Saúde
Atendimento à Imprensa
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