Deverão ser vacinadas meninas
de 9 a 13 anos. A vacina irá reforçar as ações de prevenção do câncer do colo
do útero e tem 98% de eficácia
O Ministério da Saúde realiza
uma mobilização nacional para incentivar as meninas de 9 a 13 anos a se
vacinarem contra o HPV. Para reforçar a estratégia, foi lançada nesta
quarta-feira (30) campanha publicitária, que tem como objetivo sensibilizar
pais e responsáveis sobre a importância da imunização. Com o slogan “Proteja o
futuro de quem você ama”, a campanha será veiculada entre os dias 3 e 15 de
abril e é protagonizada pela atriz Carolina Kasting e sua filha de 13 anos.
A meta é vacinar cerca de 1,7
milhões de meninas de nove anos em todos os 5.570 municípios do país e também
incluir as de 10 a 13 anos que ainda não se vacinaram ou não completaram as
duas doses necessárias para a efetiva imunização. O secretário de Vigilâncias
em Saúde do Ministério da Saúde, Antônio Nardi ressaltou a importância de
aplicar duas doses da vacina, sendo que a segunda seis meses após a primeira.
“Só assim, essas meninas poderão chegar à idade adulta livre da ameaça de uma
doença como a câncer do colo de útero, hoje responsável pela quarta causa de
morte na população feminina brasileira”, enfatizou o Secretário.
Veja aqui a apresentação dos
dados da mobilização
A vacina HPV quadrivalente faz
parte do calendário nacional e está disponível em cerca de 36 mil salas de vacinação de todo o país. Além
disso, as meninas poderão ser vacinadas nas escolas públicas e particulares. A
Coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla
Domingues, explicou a importância dessa estratégia. “Pesquisas em todo o mundo
demonstram que envolver as escolas é a melhor forma de alcançar altos índices
de cobertura, essenciais para conseguirmos um impacto relevante em termos de
saúde púbica. Isso irá permitir que o Brasil tenha a chance de, nos próximos
anos, ter um geração de mulheres livres do câncer de colo de útero”. A
recomendação do Ministério é que as secretarias de saúde articulem junto às de
educação a operacionalização das ações junto às escolas. “Assim, cada município
define sua estratégia de vacinação de acordo com a logística e realidades
locais”, completou a diretora.
CAMPANHA PUBLICITÁRIA - O
filme protagonizado por Carolina Kasting e sua filha de 13 anos será veiculado
em todo o país, durante o período da mobilização. Além disso, haverá peças para
rádio e mobiliário urbano, como adesivos para ônibus e cartazes nas cidades de
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Brasília,
Fortaleza, Curitiba e Salvador.
Além das adolescentes de 9 a
13 anos, o que inclui também a população indígena na mesma faixa etária, também
devem receber a vacina meninas e mulheres vivendo com HIV/Aids de 9 a 26 anos.
Atualmente existem no Brasil, cerca de 59 mil mulheres de 15 a 26 anos vivendo
com HIV e aids. Para meninas e mulheres vivendo com HIV e aids, o esquema
vacinal consiste na administração de 3 (três) doses. A segunda dose deve ser
administrada dois meses depois da primeira e, a terceira, seis meses após a
primeira (0, 2 e 6 meses).
O Ministério da Saúde investiu
R$ 1,1 bilhão para a compra de 32 milhões de doses nos últimos três anos. A
vacina adotada pelo Ministério da Saúde é a quadrivalente que confere proteção
contra quatro subtipos de HPV (6; 11; 16 e 18). Esta vacina é destinada
exclusivamente à utilização preventiva e não tem efeito demonstrado nas
infeções pré-existentes ou na doença clínica estabelecida.
A vacinação previne contra
câncer do colo do útero, vulvar, vaginal e anal; lesões pré-cancerosas ou
displásicas; verrugas genitais e infecções causadas pelo papilomavírus humano
(HPV), contribuindo na redução da incidência e da mortalidade por esta
enfermidade.
BALANÇO - No acumulado de 2014
e 2015, 4,5 milhões de meninas foram imunizadas com a segunda dose da vacina
contra o HPV, correspondendo a 92,3% do público alvo. Até 29 de março, 3,4
milhões de meninas de 9 a 11 anos foram vacinadas com a primeira dose contra
HPV. Isso representa 69,5% das meninas nessa faixa-etária público-alvo (4,8
milhões). Quanto à segunda dose, até essa data, 2,1 milhões de meninas foram
imunizadas, 0 que representa 43,73% do público-alvo.
CÂNCER - O Câncer do colo do
útero é o terceiro tipo mais frequentes entre mulheres brasileiras e a quarta
causa de morte na população feminina, atrás do câncer de mama e colorretal.
Receber a vacina na adolescência é o primeiro de uma série de cuidados que a
mulher deve adotar para a prevenção do HPV e do câncer do colo do útero.
Portanto, a imunização não substitui a realização do exame preventivo e nem o
uso do preservativo nas relações sexuais. O Ministério da Saúde orienta que
mulheres na faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o
Papanicolau, a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos negativos.
O HPV é um vírus transmitido
pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de relação sexual.
Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto. Estimativas
da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 290 milhões de mulheres no
mundo são portadoras da doença, sendo 70% infectadas pelos tipos 16 e 18, que
são de alto risco para o desenvolvimento câncer do colo do útero. Estudos
apontam que 265 mil mulheres, no mundo, morrem devido à doença. Neste ano, o
Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 16 mil novos casos e cerca
de 5,4 mil óbitos em 2016.
A Organização Pan-Americana da
Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) reafirmam que, após dez anos de
uso desta vacina nos programas de imunização de diversos países, há evidências
significativas de sua segurança, eficácia e eficiência na prevenção do câncer
do colo do útero. Nesse sentido, as mudanças no Calendário Nacional de Vacinação
do Brasil, que passaram a valer no país a partir de janeiro de 2016, estão em
conformidade com as recomendações da OPAS/OMS e são benéficas para a população.
A mais recente avaliação feita
pelo Comitê Global Consultivo sobre Segurança de Vacinas da OMS foi divulgada
em 2014 e destacam que já são mais de 175 milhões de doses distribuídas no
mundo e mais países oferecendo a vacina por meio de programas nacionais de
imunização, constatando, mais uma vez, a segurança dos produtos disponíveis.
Em relação ao impacto da
vacinação HPV, um estudo americano realizado entre 2003 e 2012 em mulheres,
revelou que a prevalência de HPV diminuiu de 11,5% para 4,3% entre as mulheres
com idade de 14 a 19 anos, após 6 anos da introdução da vacina HPV
quadrivalente. Nas mulheres com idade entre 20 e 24 anos, esta redução foi de
18,5% para 12,1%. E, entre as mulheres
sexualmente ativas, com idade entre 14 a 24 anos, a prevalência foi menor em
vacinados (≥1 dose) comparado com mulheres não vacinadas: 2,1% e 16,9%,
respectivamente.
Destaca-se que a introdução e
ampliação dessa vacina foram possíveis mediante um acordo de transferência de
tecnologia entre o Ministério da Saúde, por meio Instituto Butantan e do
Laboratório produtor da vacina, MerckSharpDohme (MSD). A transferência está sendo feita de forma
gradual, sendo que, até o final de 2018, a produção da vacina HPV quadrivalente
deverá ser 100% nacional.
Agência Saúde
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