Em conversa com jornalistas em
Brasília, Margaret Chan afirmou que o governo brasileiro até o momento fez tudo
o que está ao alcance para combater o mosquito transmissor do vírus Zika
A diretora-geral da
Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, afirmou está satisfeita com
a liderança e o empenho da presidenta Dilma Rousseff, do ministro da Saúde,
Marcelo Castro, e de todo o governo brasileiro para o combate do mosquito Aedes
aegypti. Ao conversar com jornalistas, antes da Reunião de Alto Nível realizada
nesta segunda-feira (23) em Brasília, Margaret Chan elogiou a seriedade,
transparência e agilidade com que o Brasil tem lidado com a situação.
“Eu afirmo aos senhores que
nunca tinha visto um envolvimento, uma liderança tão forte de um presidente
para com um problema como esse, tanto em relação à velocidade das suas ações
quanto à seriedade e nível de envolvimento”, destacou a diretora-geral da OMS,
Margaret Chan, que também ressaltou “o empenho do Brasil em compartilhar todas
as informações que estão sendo obtidas, para que a OMS possa repassá-las
adiante para o resto do mundo”.
O ministro da Saúde, Marcelo
Castro, afirmou que Margareth Chan veio ao Brasil a convite do governo
brasileiro para que a OMS tenha acesso a todos os dados já levantados. “Estamos
abrindo todas as nossas informações para a Organização Mundial da Saúde. Desde
o primeiro instante, o Brasil tem sido o mais transparente possível e
trabalhado para estabelecer parcerias, que, aliás, contamos com o apoio da OMS
para que possamos pactuar novas parcerias”, disse o ministro.
Ao falar das Olimpíadas,
Margaret Chan disse que o Brasil tem até agosto para assegurar a implementação
das ações de combate ao mosquito Aedes. “Estamos agora em fevereiro e temos até
agosto, período das Olimpíadas, para que o governo brasileiro juntamente com
seus parceiros, OMS e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) realize todas
as ações previstas para que o Brasil fique seguro não só para os atletas, mas
também para todos que vierem ao país para assistir aos jogos olímpicos”, disse
Margaret Chan.
Após conversa com a presidenta
Dilma Rousseff e o ministro da Saúde, Marcelo Castro, a diretora-geral da ONU
disse ter ficado satisfeita em ver que o governo está se empenhando para
oferecer assistência de qualidade às grávidas e aos bebês com microcefalia, e
deixou um recado final: “O governo está fazendo tudo que está ao seu alcance,
mas ele só poderá continuar com o apoio de todos. O mosquito da dengue é
bastante teimoso e precisa ser combatido”.
VISITA AO BRASIL – A
diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, está no Brasil
hoje e amanhã (24/02) com o objetivo de compartilhar com a OMS e a OPAS as
experiências e ações integradas do governo brasileiro. Nesta quarta-feira (24),
Margaret Chan estará com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, no Instituto
Materno Infantil de Pernambuco e na Fiocruz no Rio de Janeiro.
Nesta segunda-feira, a
Margaret Chan participou da Reunião de Alto Nível, no Centro Nacional de
Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD). O encontro teve o objetivo
apresentar as ações integradas em andamento no território brasileiro e sua
articulação com as parcerias internacionais. Participaram da reunião outros
ministros de Estado envolvidos na mobilização contra o mosquito Aedes aegypti e
os casos de microcefalia. Cada pasta apresentou seu papel no enfrentamento à
epidemia do vírus Zika e doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, de maneira a
demonstrar a coordenação na resposta brasileira a estes casos.
No início de fevereiro, após
debates e reuniões que contaram com a participação de representantes do Ministério
da Saúde, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de importância
internacional (ESPII) pelo vírus Zika e sua associação com a microcefalia e
síndromes neurológicas. A decisão foi recomendada pelo Comitê de Emergência da
OMS à diretora da organização, Margaret Chan, com base nas informações técnicas
de entendimento do vírus Zika repassadas pelo Brasil, França, Estados Unidos e
El Salvador.
A emergência de saúde pública
de importância internacional é um evento extraordinário que exige uma resposta
coordenada. Este reconhecimento internacional facilita a busca parcerias em
todo o mundo, reunindo esforços de governos e especialistas para enfrentar a
situação. Vale lembrar que o Ministério da Saúde declarou Situação de
Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em novembro do ano passado,
quando foi notado o aumento expressivo nos casos de microcefalia.
PARCERIAS – O Ministério da
Saúde anunciou, no dia 11 de fevereiro, o primeiro acordo internacional para
desenvolvimento de vacina contra o vírus Zika. A pesquisa será realizada
conjuntamente pelo governo brasileiro e a Universidade do Texas Medical Branch,
dos Estados Unidos. Para isso, será disponibilizado pelo governo brasileiro US$
1,9 milhão nos próximos cinco anos. O acordo prevê a instituição de um Comitê
de Coordenação que irá se reunir, pelo menos, duas vezes ao ano para analisar o
progresso e os resultados alcançados no âmbito da cooperação. Está prevista
também a participação de outros organismos de saúde internacional, como a própria
OMS.
O investimento em novas
tecnologias é um dos eixos do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à
Microcefalia que está sendo executado pelo governo federal, além da parceria
com os governos estaduais e municipais.
O Ministério da Saúde, em
parceria com o governo da Paraíba e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças
Transmissíveis (CDC) dos Estados Unidos, iniciou nesta semana um estudo de caso
controle de microcefalia relacionada ao vírus Zika no Brasil. O objetivo da
pesquisa é estimar a proporção de recém-nascidos com microcefalia associada ao
Zika, além do risco da infecção pelo vírus. Estão sendo realizadas reuniões com
autoridades locais e estudos de campo com entrevistas e coleta de amostras de
sangue para exames complementares de Zika e outras doenças como citomegalovírus
e toxoplasmose.
Nesta última segunda-feira
(22), foi assinado contrato entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan
para financiamento da terceira e última fase da pesquisa clínica para a vacina
da dengue. No total, o Ministério da Saúde investirá R$ 100 milhões nos
próximos dois anos para o desenvolvimento do estudo e outros R$ 8,5 milhões no
desenvolvimento de soro contra o vírus Zika. Ao todo, a previsão é um
investimento de R$ 300 milhões do governo federal para os estudos do Butantan.
Além dos recursos do Ministério da Saúde, estão sendo analisados outros R$ 100
milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de um
contrato da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), e R$ 100 milhões do Banco
Nacional do Desenvolvimento (BNDES).
PLANO NACIONAL – No final do
ano passado, com o aumento do registro de casos das doenças transmitidas pelo
mosquito Aedes aegypti e suas complicações, o Ministério da Saúde decretou
Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e a presidenta
Dilma Rousseff lançou o Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à
Microcefalia com medidas emergenciais que estão sendo colocadas em prática para
intensificar as ações de combate ao mosquito. Todos os órgãos federais estão
mobilizados para atuar conjuntamente neste enfrentamento, com apoio dos
governos estaduais e municipais.
O Dia Nacional de Mobilização
contra o Aedes aegypti, realizado no dia 13 de fevereiro, alcançou 2,8 milhões
imóveis em 428 municípios do País. A ação contou com 220 mil integrantes das
Forças Armadas, em conjunto com os agentes comunitários de saúde e os agentes
de controle de endemias. As visitas de rotina às residências para eliminação e
controle do vetor foram reforçadas ainda na segunda-feira (15), com a terceira
etapa de mobilização nacional, que reuniu 55 mil militares das Forças Armadas,
46 mil agentes comunitários de endemias e 266 mil agentes comunitários de
saúde.
O número de imóveis
vistoriados pelos agentes de saúde e militares das Forças Armadas, na
mobilização nacional de combate ao Aedes aegypti, já representa 41% dos 67
milhões estimados em todo o Brasil. Ao todo, 27,4 milhões de imóveis foram
percorridos pelas equipes até quarta-feira (17), em busca de criadouros e para
orientar a população sobre medidas de prevenção ao mosquito. O número inclui
domicílios e prédios públicos, comerciais e industriais, conforme dados da Sala
Nacional de Coordenação e Controle de Enfrentamento à Microcefalia.
Somam-se a esse esforço a
Mobilização Nacional da Educação Zika Zero, realizada nas escolas de todo o
país em parceria com os estados e municípios. O objetivo é aproveitar o período
de volta às aulas para incluir as comunidades escolares nas ações de combate e
prevenção em uma ação continuada que vai envolver 60 milhões de brasileiros
entre estudantes, professores e servidores técnicos administrativos e da
educação superior em todo o país.
Também foram feitas ações
voltadas aos servidores públicos no dia 29 de janeiro, no chamado “Dia da
Faxina”, cujo objetivo foi inspecionar e eliminar possíveis focos do mosquito
nos prédios dos órgãos federais. A ação aconteceu em ministérios, autarquias, agências
e demais órgãos vinculados em todo o Brasil. Foi publicado ainda no Diário
Oficial da União, em fevereiro, decreto que determina adoção de medidas
rotineiras de prevenção e combate ao vetor em todos os prédios públicos.
Enquanto ainda não existe disponível
no mundo uma vacina para o vírus Zika, o combate aos focos do mosquito é a
única forma de prevenção da doença, protegendo gestantes e crianças. Esse vírus
tem sido associado ao aumento de casos de microcefalia em bebês quando as mães
são infectadas durante a gestação.
Por Camila Bogaz e Regina
Xeyla, da Agência Saúde
(61) 3315.3580 e 3315.2745